DESCENDÊNCIA
Pais de Joaquim Vieira Ferreira
Avós de Fernando Luis Vieira Ferreira
Bisavós de Joaquim Vieira Ferreira Netto
Terceiros Avós de José Bento Vieira Ferreira
Quartos Avós de Anamaria Nunes Vieira Ferreira
1. FERNANDO LUIS FERREIRA. Tenente Coronel de Engenheiros. Nascido em 1º de Agosto de 1803, em São Luís. Falecido em 28 de Outubro de 1877, no Rio de Janeiro.
Retrato por seu Filho
Verdadeiro patriota e meu amado pai
É aquele que, na sua mocidade, em verdes anos, pugnou pela Independência do Brasil no Maranhão, naquele recanto em que se achava e que, expondo sua vida como Independente e contemplado Rebelde perante o que era então a legalidade - porque era militar - já na luta que se travou pela liberdade, alcançou, por merecimento, as patentes de tenente e capitão que Dom Pedro I não lhe quis depois confirmar, porque, feita a independência, os mais perseguidos, abandonados ou esquecidos, por esse príncipe, já Imperador, foram justamente aqueles que mais trabalharam pela libertação da pátria.
Muitos voltaram às divisas de sargento depois de terem subido à patente de tenente-coronel, como aconteceu com um bravo do Ceará, cujo nome me escapa nessa ocasião; mas meu pai suportou tudo sem se dobrar. A respeito deste fato diz ainda o Dr. César Marques em seu Dicionário, no artigo Engenheiros:
“Durante sete anos lhe recusou o governo a confirmação do posto de capitão e, até, os soldos a que tinha direito; ordenou que não usasse das insígnias desse posto, e foi, por esta ocasião que ele, no quartel general, dizendo-lhe o quartel mestre general, dr. Manoel José de Oliveira, que se apresentasse fardado com as insígnias de 2º Tenente, a que tinha sido promovido por decreto real anterior à independência, lhe respondeu:
“Sua Majestade, o Senhor Dom Pedro I, pode tudo até mandar fuzilar-me;
mas não pode forçar-me a por umas dragonas que já me honraram,
mas que hoje me degradariam.”
O posto de capitão foi-lhe confirmado a 22 de novembro de 1831, com a antiguidade de 22 de março de 1824, depois da abdicação, pela regência, etc... Estava passado o Sete de Abril. A iniqüidade caiu e a justiça triunfou. Ainda dessa vez ele tomou parte ativa a favor da liberdade da pátria.
Também em 1884, como se vê no mesmo Dicionário, apesar de ser oficial de Engenheiros, por solicitação instante do governo, sendo ministro da guerra Jerônimo Francisco Coelho, foi ele encarregado de comandar o 2º Batalhão de artilharia a pé, então em Pernambuco, e teve essa comissão porque reconheciam o seu caráter íntegro.
“Pedro Ivo, diz o Dr. César Marques, logo depois um dos chefes da Revolução Praieira, naquela província era, então, capitão comandante de uma companhia desse corpo. A esse tempo procedeu-se a uma eleição e, como os soldados tinham voto e as mesas paroquiais eram formadas por aclamação, mandou-lhe o comandante das armas, pelo seu ajudante de ordens, intimar que, no dia da eleição, meu Pai retivesse no quartel, a qualquer pretexto, o batalhão do seu comando, para que não concorresse à eleição da mesa, ao que ele recusou-se, salvo se essa ordem lhe viesse por escrito, o que descontentou o partido então dominante e deu lugar a que, na Assembléia Geral, um deputado (Uchôa Cavalcanti) fizesse acusação ao ministro da guerra por havê-lo nomeado para aquele comando.”
Ele, comandante do corpo, reuniu, sim, o batalhão; mas fez aos soldados uma fala mostrando a nobreza que devia ter o cidadão e o soldado, sobre quem pesa um duplo dever pela pátria.
Fez-lhes bem sentir que a consciência é livre e que o bem público deve ser posto acima de tudo e que o militar, cego no cumprimento do dever, não é todavia escravo; que eles eram livres, que não vendessem, pois, nem escravizassem, o seu e o voto alheio, que dessem-no a quem melhor lhes parecesse. E debandou a formatura para que, livremente, fossem votar. Este é o sentimento verdadeiro da liberdade e o respeito à consciência e ao direito alheios.
Como prêmio deste nobre ensino e exemplo, os pais da pátria daquelas terras, esses que se reputam – homens necessários – únicos no caso de governar os outros e dirigir os destinos do país, lá mesmo o quiseram matar; e esses tais políticos acusaram depois o ministro, como ficou dito, porque, efetivamente, esses ambiciosos usurpadores do poder e traidores à pátria, curvam forçosamente a cabeça, encontrando o homem de bem, mas o guerreiam ao extermínio e procuram, apóiam, promovem e galardoam os espoletas, aqueles homem que não têm caráter.
Diz o ditado que cada um liga-se com o seu semelhante.
Miguel Vieira Ferreira
A homenagem prestada por seu filho Miguel no texto que abre essas páginas, foi publicado na Revista da USP, Página 82 de Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo Coordenadoria de Atividades Culturais – 1989.
Fernando Luiz Ferreira era um intelectual dado às letras, matemáticas e poesia; leitor de algumas obras escritas em francês, como as de Voltaire, por exemplo, e pouco afeiçoado à Igreja Católica, embora tenha batizado todos os filhos.
Considerava a escravidão um dos males que impedia a ação civilizatória no Brasil.
O Anjo Reificado
Adroaldo José da Silva Almeida
Filho de Miguel Ignácio Ferreira e Catharina de Senna Freire de Mendonça. Neto paterno de Alexandre Ferreira da Cruz e Mariana Clara de São José de Assunção Parga. Neto materno de Joaquim Isidoro Freire de Mendonça e Maria de Santa Ana e Oliveira.
Bisneto paterno de Manoel Ferreira e de Dona Francisca Ferraz. De Manoel José de Assunção Parga e Antonia Maria Clara de Andrade. Bisneto materno de Luiz Freire de Mendonça. Terceiro neto paterno de Luis Vieira Ferreira e Luzia Francisca. De Antonio Jorge e Anna Gomes. Quarto neto paterno de João Luis e Isabel Ferreira. De Manoel Álvares e Maria Francisca. De Antonio Jorge. De Manoel Pires.
Formado em Ciências Matemáticas e Físicas na antiga Academia Militar, e sempre aprovado plenamente e premiado.
Em 1823 pede licença para estudar em Portugal:
22 de Janeiro de 1823. Ofício do Governador do Maranhão, Bernardo da Silveria Pinto da Fonseca, para o Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra, Cândido José Xavier, sobre o Requerimento do 2º Tenente Fernando Luiz Ferreira, em que pede licença para ir estudar em Portugal. Em anexo: 3 documentos e 1 lembrete
Ahu-Acl -Cu-009 - Caixa 167 - Doc: 12223
7 de Abril de 1823
Informativo de A. Lima sobre o Requerimento do 2º Tenente Fernando Luiz Ferreira, em que solicita licença de viagem com destino à Corte de Lisboa. Em anexo: port.
Ahu-Acl -Cu-009 - Caixa 173 - Doc: 12574
A sua vocação pedagógica é bem esplanada no artigo abaixo:
Vocação Pedagógica
Miguel Vieira Ferreira viveu em São Luis até 1842, ano em que a família mudou-se para
Itapecuru Mirim. Segundo Gerônimo de Viveiros em Itapecuru Mirim havia na época pelo menos uma escola primária. Mas, Ferreira afirma que a única educação que recebera na época foi a fornecida pelo seu próprio pai. O pai ocupava-se pessoalmente de instruir os filhos, o que era comum na época.
Fernando Luís Ferreira foi autor de pelo menos dois livros didáticos: Aritmética prática (1868a) e
Novo Systema Métrico. Explicado ao alcance dos meninos de escola (1868b). Ambos “aprovados pela Inspetoria de Instrução Pública para uso das aulas de instrução primária”. O primeiro era “destinado aos meninos que nenhum conhecimento tiverem de Arithmetica, bem assim as pessoas que praticamente a quiserem aprender sem mestre”. Esses dados mostram a vocação pedagógica de Fernando Luiz Ferreira, que sem dúvida exerceu na formação dos próprios filhos.
Um “Almanak” de 1858 registra Fernando Luis Ferreira como professor de “mechanica” da Casa
dos Educandos Artífices” (Almanak do Maranhão, 1858: 86).
Essa instituição de instrução pública foi criada em 1841 e estava “destinada a receber moços desvalidos, de preferência os “engeitados”, e dar-lhes instrução e primeiras letras e um ofício”.
(Viveiros, 1953:15).
Religião e Regeneração Social no Maranhão
A Constituição da Mentalidade Laica nas Elites Sociais no Brasil Pré-Republicano
Paulo Barrera
Universidade Metodista de São Paulo
Professor de Desenho de Máquinas do Colégio Pedro II, na Corte, por nomeação do Governo Imperial.
Diccionario Bibliographico Portuguez - de Innocencio Francisco da Silva, Pedro Wenceslau de Brito Aranha, Jose Joaquim Gomez de Brito, Alvaro Néves, Ernesto Soares, Martinho Augusto Ferreira da Fonseca – 1870 - Página 217
Fernando Luís Ferreira, Tenente Coronel reformado do corpo de Engenheiros no
Brasil, e Professor de Mechanica nas Aulas dos educandos artífices.
Em 1858 era Professor de Mecânica da Casa dos Educandos Artífices:
“Um “Almanak” de 1858 registra Fernando Luis Ferreira como professor de “mechanica” da Casa dos Educandos Artífices” (Almanak do Maranhão, 1858: 86).
A Carga Horária
Na falta de professor na província do Maranhão, o presidente podia contratá-lo no estrangeiro por um prazo mínimo de três anos, na medida em que a “cadeira é temporária e o seu professor será conservado somente em quanto convier ao serviço público” (Lei 243, Art. 4).
Assim, a aula de escultura e desenho passou a ser ministrada pelo professor Tenente Coronel Fernando Luís Ferreira, às quintas–feiras, das 6 às 8 horas da manhã, e às terças-feiras e sábados, das 17 às 19 horas. Beneficiava a todos os educandos “que se acharem aptos para as apprender, e a cada hum em particular relativamente ao officio a que se dedicar”...
Lente de Geometria e Mecânica Aplicada às Artes, tendo pedido e obtido demissão.
Diretor da Escola Agrícola do Maranhão em 27 de Agosto de 1864.
Lente do Pequeno Seminário Episcopal nomeado pelo Exmo. Bispo Diocesano Dom Luis.
Diretor da Escola Prática de Aprendizes Agrícolas do Cutim nomeado em 27 de Agosto de 1864
1ª Seção – Secretaria do Governo do Maranhão
27 de Agosto de 1864
Tendo Sua Excia. o Sr. V. Presidente da Província, por portaria desta data, nomeado a VM.ce para o cargo de Diretor da Escola Prática de Aprendizes Agrícolas do Cutim,de ordem do mesmo Exmo. Sr. assim o participo a VM.ce para seu conhecimento, e a fim de que haja de sollicitar nesta Secretaria o competente título.
Deus guarde VM.ce
Snr. Ten. Cel. Fernando Luis Ferreira
(Assignado) No impedimento do Secretário
Augusto César dos Reis Raiol
Oficial Maior
Também desconhecemos os fatos que envolveram Fernando Luis Ferreira e Cardoso Homem no ato de seu pedido de demissão do cargo de Lente de Geometria e Mecânica Aplicada às Artes:
Cronologia das artes plásticas no Maranhão (1842-1930): pesquisa histórica - De Luiz de Mello - Página 51 - 2004 - 478 páginas
Sr. Fernando Luiz Ferreira precisa, a bem do seu direito, que pela Secretaria
da Presidência da Província se lhe dê certidão do teor da informação que deu...
Pintores maranhenses do século XIX: pesquisa histórica (1842-1880) - Página 81
2002 - 261 páginas
20- Coronel Fernando Luiz Ferreira versus Cardoso Homem A 17 de maio aparece no jornal A Moderação uma notícia acerca da nomeação efetiva de Cardoso Homem...
Autor de, pelo menos, dois livros: Aritmética prática (1868a) e Novo Systema Métrico. Explicado ao alcance dos meninos de escola (1868b). Ambos “aprovados pela Inspetoria de Instrução Pública para uso das aulas de instrução primária”.
Grammatica portugueza - Página 301 de Francisco Sotero dos Reis - 1871 - 304 páginas
... pelo tenente coronel reformado do corpo d'engenheiros Fernando Luiz Ferreira
... pelo tenente-coronel reformado d'engenheiro Fernando Luiz Ferreira, ...
Memoria historica da faculdade de mathematica nos cem annos decorridos... - Página 135
de Fra de Castro Freire - 1872
... por Fernando Luiz Ferreira, ...
Presidente do Conselho Administrativo do Império nomeado em 16 de Outubro de 1857, tendo servido por dez anos, cujo lugar só deixou quando os Conselhos do Império foram extintos.
Administrador das Obras Públicas do Maranhão nomeado Diretor das Obras Públicas em 28 de Março de 1865.
Estatutos do Instituto historico e geographico brasileiro: installado no Rio ... - Página 30 de Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - 1878 - 13 páginas
... Fernando Luiz Ferreira. Sempre observando e cumprindo disposições
legislativas, mandou empregar a quantia de 1:000$ para a edificação da matriz de
Nossa ...
Fez parte da 1ª Legislatura do Parlamento Maranhense, segundo Dra. Mary Vieira Ferreira Prado, em seu livro “Sublime Amor”, mas até agora não encontramos comprovação.
As juntas governativas e a Independência - Página 147 de Arquivo Nacional (Brazil) - 1973
... Fernando Luís Ferreira — Capitão Vogal da...
Rebelde da Independência:
Era ainda 2º Tenente em 1822 e servia no Maranhão. Entre 1822 e 22 de maio de 1824, período conhecido sob Pedro I como o do “Governo Independente”, foi distinguido em Comissão com os postos de 1º Tenente e Capitão. Normalizada em 1824 a situação no Brasil foi-lhe determinado que se apresentasse novamente fardado de 2ºTenente, com o que não concordou.
Assinale-se que este fato incomum está citado à página 195 do “Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão”, publicado em 1870, pelo Dr. César Augusto Marques, o que é acima transcrito. Sua atuação na luta pela Independência na Província do Maranhão está registrada no livro “Genealogia e Resumo Histórico”.
Sublime Amor
Mary Vieira Ferreira
Simpático à causa do Império:
História da independencia no Maranhão - Página 98 de Mário Martins Meireles – 1972
... como fora, por exemplo, o caso daquele engenheiro, Tenente Fernando Luiz
Ferreira, que justamente ...
História geral do Brasil: antes de sua separação e independência de Portugal - Página 331
de Francisco Adolfo de Varnhagen, João Capistrano de Abreu, Rodolpho Garcia, Hélio Vianna - 1981
... os quais foram acompanhados pelos Majores Higino Xavier Lopes e Francisco
Salazar Moscoso e o Segundo-Tenente de artilharia, Fernando Luís Ferreira. ...
História da independência da Província do Maranhão, 1822-1828 de Luís Antônio Vieira da Silva – 1972 - Página 118.
... Academia Militar em 1825, Fernando Luís Ferreira era, em 1879, Tenente-Coronel do Corpo de Engenheiros. Nasceu em São Luís em l de agosto de 1803...
Pesquisa agropecuária brasileira - Página 535 de Empresa brasileira de pesquisa agropecuária, Embrapa Informação Tecnológica, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – 1987.
... Fernando Luiz Ferreira que já lutara pela Independência no Brasil...
Rebelde na Revolução Praieira, participando em favor dos Praieiros:
O que se destaca de todos estes eventos durante a 1ª etapa do processo eleitoral daquele ano é a forma de participação das forças militares. Há uma clara ligação entre a oficialidade e os partidos políticos.
Na Boa Vista o Corpo de Artilharia, através do seu comandante Fernando Luiz Ferreira, atuou em favor dos praieiros.
Segundo O Guararapes, no dia da eleição, foram distribuídas chapas pelos sargentos para todos os soldados que votavam, sendo elas em favor de Antônio Carneiro. Os oficiais Pedro Ivo e Pedro Afonso se postaram na porta da matriz para revistar todos os soldados que por ali passavam e tomar as chapas que não fossem as “oficiais”. Na mesa paroquial o comandante fiscalizava que chapa era depositada na urna e “desgraçado do soldado d’Artilharia que não desse lista amarela com o Sr. Carneiro!”
O império do progresso: a revolução praieira em Pernambuco, 1842-1855 - Página 244
de Izabel Andrade Marson - 1987 - 487 páginas
... a não entregar ao novo comandante de artilharia, senhor Fernando Luiz Ferreira, as relações dos soldados (Diário Novo, de 16 e 17.9.1844).
Na freguesia de Santo Antônio ocorreu justamente o contrário. Os soldados da Cavalaria e do corpo de polícia foram impedidos de votar, sendo que seus comandantes eram pessoas ligadas aos baronistas. O juiz de paz presidente da mesa, Joaquim Bernardo, acatou argumento de Nunes Machado e fez todas as manobras para que eles não votassem. O que o líder praieiro dizia era que os soldados não eram livres e votariam forçadamente em quem os seus superiores indicassem.
O resultado das urnas não poderia ter sido melhor para os praieiros. Venceram nas quatro principais freguesias da capital. No primeiro distrito de São Frei Pedro Gonçalves (Recife), foi eleito o praieiro Ignácio Antônio Borges com 217 votos, contra 190 do baronista Francisco Mamede de Almeida. Em Santo Antônio, para o primeiro distrito foi eleito Manoel Antônio Viegas com 472 votos, sendo seu suplente Antônio da Costa Rego Monteiro (448 votos).
Os baronistas Néri Ferreira e Sena Madureira tiveram, respectivamente, 183 e 143 votos. Na Boa Vista a Praia venceu nos três distritos, sendo que no primeiro Antônio Carneiro Machado Rios obteve 629 votos e seu suplente, Clorindo Ferreira Catão, 549. Outro dos irmãos Machado Rios, Joaquim Carneiro, foi eleito no terceiro distrito. Em São José o praieiro Joaquim Vilella de Castro Tavares já havia sido eleito anteriormente.
Com isso, os praieiros dominavam um dos principais postos para o sucesso na eleição primária e para abrir caminho rumo à formação de uma bancada expressiva na Câmara. As maiores e mais importantes freguesias da capital estavam sob o seu domínio, fortalecendo sua posição política para enfrentar os baronistas na próxima etapa eleitoral.
O Começo do Confronto: A Eleição de Juízes de Paz e Vereadores
O período eleitoral que abarcava o mês de setembro já era conhecido pelos tumultos que provocava devido à disputa entre os partidos. Nabuco de Araújo, no seu periódico O Lidador , já qualificava estes dias como sendo “aziagos, tenebrosos e perigosos”. Complementava lastimando o efeito que as eleições tinham sobre a vida da cidade: “A necessidade de fazer-se uma eleição é sempre uma calamidade. Ninguém ignora que atualmente uma ordem para eleição equivale a um rebate tocado no meio da população, e a cujo estridor se agitam, se exacerbam as paixões violentas dos partidos, resultando quase sempre que o campo eleitoral se torne em teatro de guerra, em campo de carnagem!”
Este clima prenunciava os eventos que iriam ocorrer nas eleições que indicariam os novos juízes de paz e vereadores. O Diário de Pernambuco nos primeiros dias de setembro, mês em que ocorria o pleito, criticava as declarações de Francisco Borges Mendes, um dos mais ativos praieiros naquele momento, em que prometia ir armado para a matriz de São José e a primeira facada seria desferida contra um homem não identificado pelo jornal. O mesmo jornal dava conta de boatos que corriam pela cidade a respeito de um levante tramado para aquele mesmo dia, sendo que agentes praieiros tentavam seduzir as praças do batalhão da Boa Vista e do corpo de polícia para a sedição. Diante disto, pede para que o presidente da província dispersasse a marcha em comemoração à Independência.
As provocações eram feitas de lado a lado. Um rapaz ligado aos baronistas, Augusto Frederico d’Oliveira, andou gritando pelas ruas que o “partido liberal” era composto de “cabras e negros”. Para os praieiros, os baronistas estavam comprando votos na freguesia do Recife a 5 e 10 mil réis; em São José e na Boa Vista havia portugueses vendilhões pedindo aos fregueses assinaturas a troco de dez tostões. Já para estes, eram os praieiros que estavam a oferecer de 1 a 5 réis por assinatura em um batalhão da Guarda Nacional e a muitos outros cidadãos. Até mesmo Borges da Fonseca, cujo jornal havia passado um tempo sem circular devido à mudança da tipografia de Nazaré da Mata para o Recife, engrossava as acusações contra os praieiros denunciando a formação de uma “bolsa” de 1 conto e 500 mil réis para a compra de votos.
Esta questão da compra de votos nos remete a uma análise sobre os votantes primários. A descrição que um contemporâneo faz deste grupo não é das mais elogiáveis. Diz ele que o votante pertencia à “turba multa, ignorante, desconhecida e dependente”. Normalmente era analfabeto, não lia jornais e não freqüentava “clubes”. Era ignorante politicamente e sobre o assunto só sabia que o seu voto pertencia ao “Sr. Fulano” por dependência ou porque ele o compraria por um preço mais alto. O votante das freguesias urbanas se diferenciava das rurais pelo fato de ser mais “repugnante, venal e corrompido”. Alguns eram mais dependentes, enquanto outros possuíam maior liberdade. “Os votantes da categoria livre têm a liberdade de vender o voto como e a quem lhes apraz”. 257
Citado por MARSON, Izabel A.
Movimento Praieiro (1842-1849)
Imprensa, Ideologia e Poder Político.
São Paulo: Editora Moderna, 1980. p. 59.
SOUZA, Francisco Belisário de. op. cit. p. 34.
Eleito na Chapa Praieira com 1247 votos como Eleitor.
Não temos conhecimento de sua participação na Guerra dos Farrapos, mas fazemos o registro para futuras investigações:
Guerra dos farrapos: ordens do dia do general barão de Caxias (1842-1845). - Página 40
de Brazil Exército, Luís Alves de Lima e Silva Caxias, Biblioteca Nacional (Brazil), Rio Grande do Sul (Brazil). Biblioteca - 1943 - 430 páginas
... de Castro e Cruz Ricardo José Gomes Jardin OS Majores Miguel Frias e
Vasconcellos Fernando Luiz Ferreira José Xavier Garcias d'Ald" ...
Foi Fernando Luis Ferreira quem incutiu em seus dois filhos, Luís e Miguel Vieira Ferreira o ideário republicano, levando-os a fundarem o 1º Clube Republicano do Rio de Janeiro, a assinarem o Manifesto Republicano e serem dois dos cinco primeiros Redatores do Jornal A República:
O protestantismo, a maçonaria e a questão religiosa no Brasil - Página 285 de David Gueiros Vieira - 1980 - 409 páginas
Foi presidida pelo Coronel Fernando Luís Ferreira, pai de Miguel e Luiz Vieira
Ferreira e parente do Senador Visconde Vieira da Silva.
Ressalto que o seu 3º filho, o Tenente Coronel Joaquim Vieira Ferreira (V. Meus 3º Avós) escapou das preleções republicanas do Pai, tornando-se monarquista ardoroso, o que lhe valeu o ostracismo na Republica, que seus irmãos ajudaram a proclamar.
Abolicionista convicto, em suas terras os escravos eram tratados com respeito e, quando houve uma agressão por parte de um deles, ao invés do tronco, Fernando Luis lhe deu a liberdade, assinando sua Carta de Alforria.
Estava destacado em Caxias, no Maranhão, como 2º Tenente, comandando a Força de Artilharia.
Caxias das aldeyas altas: subsidos para a sua história de Milson Coutinho - 2005 - Página 85
... artilheiro Fernando Luís Ferreira. Entrementes, apertava-se o cerco dos independentes, que puseram sítio à vila a partir de 20 de maio.
A guerra do Fidié - de Abdias Neves - 1974 - 274 páginas - Página 241
... Fernando Luís Ferreira, 2.a Tenente de Artilharia; José Tavares de Oliveira,
Alferes de 1.a Linha; António José da Silva e Sousa, Alferes de Cavalaria;...
Em 1844, era Comandante do Exército em Pernambuco.
Verbete do César Marques
Fernando Luís Ferreira. Tenente coronel do Corpo de Engenheiros. Ainda vive êste estudioso, trabalhador e metódico engenheiro, filho legítimo do Tenente-Coronel Miguel Inácio Ferreira (maranhense) e sua mulher D. Catarina de Sene Freire de Mendonça (pernambucana). Nasceu a 1 de agôsto de 1803, na cidade de São Luís, capital da Província do Maranhão. Assentou praça em 29 de setembro de 1820 e foi reconhecido cadete de 1a classe. Foi promovido a 2o Tenente de Artilharia em 26 de março de 1821, a 1o Tenente e a Capitão até 22 de março de 1824, sendo-lhe êstes dois postos conferidos pelo Govêrno Independente (como então se chamava na Província).
No tempo da guerra da Independência, estêve destacado em Caxias, como 2o Tenente, comandando a fôrça de artilharia às ordens do comandante das Armas do Piauí, o Major J. J. da Cunha Fidié, que se achava então fortificado no Morro da Taboca, e aí foi prêso à ordem do General, Governador das Armas do Maranhão, Agostinho Faria “por ter saído pronunciado na devassa a que se procedeu contra os amantes do feliz sistema que nos rege”, e quando vinha para a capital, foi encontrado por uma tropa de paisanos daquela vila, e então foi resgatado com indizível perigo de sua vida, ficando morto o oficial seu condutor, e êle levemente ferido.
O condutor era um negociante português estabelecido em Caxias, Tenente de Milícias, de nome Custódio Manuel. Êste acontecimento teve lugar rio abaixo na fazenda de outro português, lavrador, chamado Malhão, a 24 horas de viagem daquela cidade, então vila.
Depois dêste sucesso acompanhou sempre aquela tropa indisciplinada, e a pôs em estado de se poder comparar a um Corpo de 1a Linha, isto com a maior prudência, amor e entusiasmo patriótico; e persistiu assim até a capitulação daquela vila, e o rendimento de Fidié, onde entrou comandando a Artilharia do Ceará, debaixo das ordens do govêrno da delegação do Ceará e Piauí.
Tendo o Comandante das Armas, José Félix Pereira de Burgos, prendido a Junta do Governo Civil, cujo presidente era o advogado Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce, fundado em uma representação que fêz assinar, à mão armada, no quartel do Campo de Ourique pela oficialidade das tropas de 1a Linha, em que se exigiu essa prisão, com declaração de que as tropas não largariam as armas enquanto ela não fôsse efetuada, recusou-se êle, Ferreira, a assinar, e nisso foi seguido por tôda a oficialidade dos Corpos de Artilharia e Polícia, pelo que foi tôda prêsa e remetida para uma Presiganga, que se achava fundeada fora da barra.
Estando já recolhido prêso no Forte da Ponta da Areia o dito govêrno civil. Achando-se êsses oficiais em viagem para a Presiganga, os soldados dos ditos dois corpos fizeram a reação no quartel de onde resultou grande tiroteio e a morte do Capitão Carlos Burgos, irmão do dito João Félix, e a fuga dêste.
Sôlto o govêrno civil, deu êste caça ao Comandante das Armas, que foi prêso em Alcântara, e remetido para a côrte, sendo encarregado de acompanhá-lo e apresentá-lo com os ofícios ao govêrno imperial o dito Capitão Fernando Luís Ferreira. Era então Presidente do conselho de Ministros João Severiano Maciel da Costa, e da guerra o Barão de Lajes, depois Conde de Lajes.
Cumprida a sua comissão, matriculou-se no 1º ano da Academia Militar no ano de 1825. Durante sete anos lhe recusou o govêrno a confirmação do pôsto de capitão e até os soldos a que tinha direito; ordenou que não usasse das insígnias dêsse pôsto, e foi por essa ocasião que êle no Quartel-General, dizendo-lhe o Quartel-Mestre-General, Dr. Manuel José de Oliveira, que se apresentasse fardado com as insígnias de 2o tenente, a que tinha sido promovido por decreto real anterior à Independência, lhe respondeu:
Sua Majestade, o Sr. D. Pedro I, pode tudo, até mandar fuzilar-me;
mas não pode forçar-me a pôr umas dragonas que já me honraram,
mas que hoje me degradariam.
O pôsto de capitão foi-lhe confirmado a 22 de novembro de 1831, com antiguidade de 22 de março de 1824, depois da abdicação, pela primeira Regência, sendo Ministro da Guerra, o Coronel Manuel da Fonseca Lima, depois Tenente-General e Barão de Suruí.
No Rio de Janeiro estudou, pois, o curso completo de ciências matemáticas e físicas na antiga Academia Militar, depois Escola Militar, onde foi sempre aprovado plenamente até premiado. Foi professor de desenho de máquinas por nomeação do Governo Imperial, no Colégio de Pedro II, na côrte. Fez parte do corpo de oficiais-soldados, por ocasião da revolta das tropas na época da abdicação de D. Pedro I.
Foi comandante de uma esquadra de Municipais-Provisórios, que eram constituídos por simples cidadãos, que pegaram em armas para defender a cidade, por ocasião dessa mesma revolta. Assistiu ao tiroteio, que houve no Teatro de São Pedro, como comandante dessa esquadra. Serviu no Corpo “Municipais-permanentes” desde a criação dêste, já depois de concluído o seu curso acadêmico.
Veio para esta Província em 1833, como oficial avulso. Passou a comandar o Corpo de Artilharia da Província, e depois em 1835 fêz passagem para o Imperial Corpo de Engenheiros no mesmo pôsto de capitão, que ainda tinha, sendo Ministro da Guerra o dito José Félix de Burgos, que anteriormente levara prêso para a côrte.
Em 1844, tendo ido com licença ao Rio de Janeiro, o Ministro da Guerra, Jerônimo Francisco Coelho o encarregou do comando do 2o Batalhão de Artilharia a Pé em Pernambuco, apesar de ser tenente-coronel do Corpo de Engenheiros. Aceitando a comissão, pediu logo dispensa dela, por ter sua família em Maranhão, o que deu lugar a comandar por pouco tempo aquêle Corpo.
Pedro Ivo, logo depois um dos chefes da Revolução Praieira, naquela Província, era então capitão comandante de uma das Companhias dêsse Corpo. A êsse tempo procedeu-se a uma eleição, e como os soldados tinham votos e as mesas paroquiais eram formadas por aclamação mandou-lhe o Comandante das Armas, pelo seu ajudante-de-ordens, intimar que no dia da eleição retivesse no quartel, a qualquer pretexto, o batalhão de seu comando, para que não concorresse à eleição da mesa, ao que êle recusou-se, salvo se essa ordem lhe viesse por escrito, o que descontentou o partido então dominante, e deu lugar a que na Assembléia Geral um deputado pernambucano (Uchoa Cavalcante) fizesse acusação ao Ministro da Guerra por havê-lo nomeado para aquele comando; mas a êsse tempo já êle estava dispensado da comissão, como pedira, e se achava novamente em Maranhão.
Pediu e obteve sua reforma no pôsto de tenente-coronel a 9 de agôsto de 1848. Foi quem fêz as fortificações passageiras no Icatu no tempo da Balaiada e a do Alto das Carneiras, tendo nesta como ajudantes os Oficiais de Engenheiros José Joaquim Rodrigues Lopes e João Vito Vieira da Silva (*).
(*) Seu cunhado
Em 1840 foi encarregado de fundar a Colônia Indígena de São Pedro do Pindaré. (*)
(*) Hoje a cidade de Pindaré Mirim
A 16 de outubro de 1857 foi nomeado presidente do Conselho Administrativo onde serviu, por 10 anos, e cujo lugar só deixou quando foram extintos êsses Conselhos no Império. Foi nomeado lente de geometria e mecânica aplicadas às artes, lugar de que pediu e obteve demissão. Foi nomeado diretor da Escola Agrícola desta Província em 27 de agôsto de 1864, lugar que serviu por pouco tempo, e no qual não foi substituído por ter sido então estinta essa Escola. Foi nomeado diretor das Obras Públicas a 28 de março de 1865, depois da extinção dos Conselhos Administrativos. Desde que exerce êste êmprego foram feitos sob sua imediata direção: o cano do ribeirão; o 3º raio da Cadeia Pública; o cais, rampa e escada do Portinho; além de projetos diversos e muitos outros trabalhos. Além de tudo isto é muito hábil desenhista, e tem muito gôsto para êstes trabalhos. É chefe de uma estimável família, e tem a fortuna de contar tres filhos engenheiros, todos distintos, que são os seguintes:
Miguel Vieira Ferreira - Nasceu na capital desta Província a 10 de dezembro de 1837. Estudou preparatórios no Liceu da mesma cidade, e matemáticas na Escola Central da Côrte, onde tomou o grau de bacharel a 10 de dezembro de 1859, e depois defendeu teses e tomou o grau de doutor em Ciências Físicas e Matemáticas em 1863. Foi alferes-aluno e 2o tenente de Engenheiros , de que pediu e obteve demissão. Foi ajudante do Observatório Astronômico da Côrte, e membro da Comissão de Limites do Peru. Escreveu um opúsculo que intitulou – ensaio sôbre a Filosofia Naturala, ou Estudos Cosmológicos – que publicou em 1861. Escreveu e publicou uma série de artigos sôbre a questão – Anglo-Brasileira – vulgarmente chamada – Questão Christi -, e um folheto que intitulou – Considerações sôbre o Progresso Material da Provïncia do Maranhão - ; redigiu o periódico – Artista – jornal de pequeno formato, dedicado à indústria em geral e especialmente às artes. Sendo ainda 2o. Tenente de Engenheiros e por pouco tempo empregado no Maranhão deu um plano e orçamento para a construção de uma ponte no rio Mocambo, comarca do Brejo, o qual foi levado a efeito por arrematação. Apresentou um plano e orçamento para a desobstrução do rio Mearim no lugar denominado a – Lajem Grande. Deu um projeto desenvolvido e o orçamento de um dique para construções mercantes na praia de Santo Antônio. Fêz uma demonstração das causas do deterioramento dos paredões que sustentam o edifício da Tesouraria da Fazenda. Todos os desenhos, que são numerosos, pertencentes a êsses trabalhos, existem na repartição das Obras Públicas, e as Memórias ou textos talvez se encontrem na Secretaria do Govêrno do Maranhão. Foi administrador da Casa da Fundição da Companhia de Navegação Fluvial, e depois gerente da mesma Companhia. Deu um plano e organizou uma companhia para a fundação de um banco hipotecário industrial, cujos estatutos, sendo remetidos regularmente ao Govêrno Imperial, até hoje não tiveram solução. Quando deixou a vida militar, comprou, melhorou, e reformou a fábrica de tijolos a vapor, conhecida pelo nome de Itapecuraíba, em terras fronteiras à capital. Infeliz nesta emprêsa, retirou-se para o Rio de Janeiro onde sem dúvida serão melhor aproveitados o seu talento e saber, atividade e perseverança. É um dos sócios instaladores do Instituto dos Engenheiros na côrte, do Instituto Literário do Maranhão, e da Sociedade Manumissora 28 de julho.
Luiz Vieira Ferreira - Nasceu na capital do Maranhão em 15 de abril de 1835. Estudou preparatórios na dita cidade, e matemática na Escola Central da Côrte, e suas aplicações àguerra na Escola Militar. É bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas. É capitão do Estado-Maior de 1a Classe do Exército. Em Maranhão nunca foi empregado, nem como engenheiro, nem de qualquer outro modo.
Joaquim Vieira Ferreira - Nasceu na capital do Maranhão em 9 de fevereiro de 1841. Estudou nas mesmas escolas que o primeiro, e como êle é bacharel nas mesmas ciências. Sendo alferes-aluno da Escola Central pediu demissão e obteve-a; é hoje paisano. Como engenheiro por pouco tempo na Província, já sendo paisano, fêz a pedido de particulares um projeto e orçamento de uma igreja matriz para a vila do Coroatá; e por comissão do Govêrno da Província inspecionou a ponte do Mocambo no Brejo, que estava em seu primeiro período de construção; e levantou a planta e nivelamento do canal Arapapai, estando já suspenso o seu andamento. Consta êste trabalho, além da memória explicativa, de 19 estampas grandes e encadernadas, formando um volume o qual foi remetido pelo Presidente da Província ao Ministro da Agricultura. Deu um projeto de construção de açudes para provimento de águas a fim de servir de bebedouro nos campos de criar em tempo de sêca. Deu também um parecer sôbre a estrada, que atravessa o Campo das Pombinhas, mas não fêz estudos regulares.
Marques, César Augusto.
Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão.
1870. Página 259,260 e 261
Verbete de Sacramento Blake
Fernando Luiz Ferreira. Filho do tenente-coronel Miguel Ignacio e de dona Catharina de Senna Ferreira de Mendonça e pae de Luiz e Miguel Vieira Ferreira, dos quaes occupar-me-hei mais tarde, nasceu na capital do Maranhão a 1 de agosto de 1803 e falleceu no Rio de Janeiro em 1879. Bacharel em mathematicas e sciencias physicas pela academia militar, serviu no corpo de engenheiros, reformando-se em 1848 no posto de tenente-coronel, depois de muitos e valiosos serviços prestados desde a abdicaçào de dom Pedro I. Escreveu:
Arithmetica pratica: compendio para a instrucção primaria, adoptado pela presidencia da província do Maranhão, para as aulas de primeiras letras. Maranhão, 1856.
Compendio do systema metrico. Maranhão… - Nunca o vi; sei, porém, que é um dos melhores compedios sobre o assumpto.
Informação acerca da amissão dos Guajajaras no rio Pindaré – O original de 5 fls. In-fol. Pertence ao Instituto Historico. Este autor foi um dos redactores do Artista: Jornal dedicado à industria e principalemente às artes. Maranhão, 1868, in-4o.
Blake, Augusto Victorino Alves Sacramento
Diccionario Bibliographico Brazileiro.
Volume 2. 1893. Páginas 340, 341
Rio de Janeiro. Imprensa Nacional.
Como Engenheiro fez as fortificações passageiras no Icatu, no tempo da Balaiada e a do Alto das Carneiras tendo como ajudante os Oficiais Engenheiros José Joaquim Rodrigues Lopes e o seu cunhado João Victo Vieira da Silva. (V. Meus 5º Avós, Luiz Antonio Vieira da Silva e Maria Clara Gomes de Sousa)
História do Maranhão: novos estudos - Página 203 de Wagner Cabral da Costa – 2004
Seu pai foi o Tenente-Coronel Fernando Luiz Ferreira (1803-1877) que, de acordo com a fonte utilizada, foi quem fez as fortificações passageiras no Icatu...
Autor da Planta da Vila de São Bento, medindo 0m,526 x 0m,790, cópia de 1847, a aquarela, e outra cópia de 1875, que fazem parte do Acervo da Biblioteca Nacional.
Rio de Janeiro, Anais 1881-1882, Volume 9, Tomo I, Página 219,
Registro 2145. Exposição do Archivo Militar.
Co-Autor da Planta de parte do Morro do Castelo:
Catálogo de plantas e mapas de cidade do Rio de Janeiro: 1750-1962 - Página 43 de Arquivo Nacional (Brasil), Arquivo Nacional (Brazil). - 1962 - 82 páginas
... Fernando Luiz Ferreira, Manoel Clementino Carneiro da Cunha Aranha. Rio de Janeiro, 1876. Esc. 1:500 1,09 X 0,80 cm mss 4 fls. ...
Co-Autor do Mapa da Província do Maranhão:
Caxias e o seu govêrno civíl na província do Maranhão: (apontamentos para... - Página 148
de Astolfo Serra, Brazil - 1943 - 176 páginas
... trabalhos foram encarregados o major Fernando Luiz Ferreira, o capitão José
Joaquim Rodrigues Lopes, o 1 .° tenente João Vitor Vieira da Silva, ...
Em 1832, é citado como Capitão, recebendo o soldo de 360U (Almanak, Ministério da Guerra, 1832, Página N4). Em 1837 é citado como Major de Engenheiro recebendo o soldo 600$000 (Almanak, Ministério da Guerra, 1837-1, Página 53)
No Almanak, de 1838, às páginas 30, 34, 35 e 40, Presidencial do Maranhão, era Major Engenheiro, encarregado da recuperação da fonte do Apicum, em fase de conclusão, com orçamento além do previsto pelos motivos que ele oferece no Ofício de 3 de Fevereiro. Estava encarregado também de examinar a fonte do Mamoin e informar sobre os consertos necessários. Foi encarregado também, pelo Presidente da Província de analisar, orçar e planejar a construção de um canal do porto de Tucupai ao do Carvalho - em terreno de meia légua - comunicando as águas do rio Pericuman às do mar que banha as praias de Alcântara. Obra essa reclamada como de utilidade para o aumento da cidade e da indústria, e riqueza do interior da Comarca.
Em 1843, como Major Engenheiro da Província do Maranhão conforme notas a seguir:
“Se o estado da illuminação é máu, o das fontes é inda mais deploravel. O melhoramento da do Apicum pouco tardará a concluir-se, execendendo porem a sua despesa da orçada, pelos motivos que dá o Major Engenheiro Ferreira no seu ofício de 3 de Fevereiro d´este anno, que vos será apresentado.”
“Tendo o mesmo Major recebido ordem do Governo para examinar a fonte de Mamoin, e informai-o dos concertos, que n´ella conviesse de fazer, e da despesa, que ocasionasse, representou, que, como devia reconstruir-se sobre um plano inteiramente diverso, convinha aguardar a sua execução para o tempo, em que o reparo da outra lhe fornecesse alguma experiencia. As indagações, que nas demais fontes desta Cidade, e de seus suburbios, tem de ser feitas por ambos os Engenheiros habilitarão o Governo para as melhoras da maneira compativel com as nossas circunstancias pecuniarias.” (Almanak, Província, 337, p. 34, 35)
“... Se era possível diminuir sua extenção, e a importância das despezas orçadas pelo Major de Engenheiros Fernando Luis Ferreira em 1,060,800$000 rs, no caso de ser toda ella macdamisada na actual direcção.”(Almanak, Província, 1843, p. 7)
De meras informações pude ajuizar da necessidade do canal proposta; mas, para que podesseis com conhecimento de causa authorisar a sua empresa, que se me antolha importante, ordenei ao Major d´ Engenheiros Ferreira o exame do local a fim de obter um esclarecimento satisfactorio sobre o orçamento da despesa, utilidade da obra e melhor meio de sua execução.
Discurso do Presidente da Província Antonio de Miranda:
Almanak, 1841, 337, page 39 e 40
No Almanak, de 1844, à Página 146, era Major, no Maranhão. Em 1844 era Tenente Coronel Graduado, em serviço no Maranhão. Em 1845, à Página 149, era Tenente Coronel Graduado, servindo em Pernambuco. Em 1846, à Página 152, era Major do Imperial Corpo de Engenheiros. Em 1872, à Página 291, consta da lista de Oficiais Reformados Residentes na Corte, reformado como Tenente-Coronel. 1884, à Página 146. Em 1876, Segundo o Almanak, à Página 408, era Engenheiro Auxiliar da Inspetoria Geral das Obras Públicas da Corte, no Campo da Aclamação, 31, subordinado ao Ministério da Agricultura, residente na Rua Bella de São João, 57. Em 1877, no Almanak, à Página 380, era Engenheiro das Obras Públicas, na Corte, Rua Conde de Bonfim, 56.
Segundo a Dra. Mary Vieira Ferreira Prado, em seu livro “Sublime Amor”, Fernando Luiz Ferreira pediu e obteve sua reforma no Posto de Tenente-Coronel em 9 de Agosto de 1848, voltou à ativa e foi reformado, em 1872, como Tenente-Coronel, época em que residia na Corte. Está registrado nos Anais da Biblioteca Nacional, 1941, Volume 63, Página 39, como Major.
Presidente do Conselho Administrativo de Fardamentos do Maranhão em 1863.
Membro do Ateneu Maranhense, Sócio Efetivo em 9 de Março de 1864, em São Luís.
Membro da Associação Tipográfica Maranhense eleito em 6 de Julho de 1869 como Sócio Honorário.
Foi Fernando Luis quem fez o discurso fúnebre no sepultamento de João Francisco Lisboa, seu primo por parte paterna, representando a Comissão do Atheneu Maranhense, ao lado de Eduardo de M. Rego, o outro orador:
Obras de João Francisco Lisboa, natural do Maranhão - Página CXCIX de João Francisco Lisboa, Antonio Henriques Leal - 1864
... tenente-coronel Fernando Luiz Ferreira e «Eduardo de M. Rego, como membros
da commissão ...
Orador na Solenidade de Posse da nova Diretoria da Associação Luso-Maranhense, em 16 de Janeiro em 1864, no Maranhão. Na Solenidade em que se tornou Sócio Efetivo do Atheneo Maranhense, em 9 de Março de 1864, em São Luís. Na Sessão Magna de posse da nova Diretoria do Atheneo Maranhense, em 3 de Junho de 1864.
Fez a escultura do Conde de Beaurepaire, Jacques Antonio Marcos, pai de seu grande amigo dos tempos da caserna, General Henrique Beaureparie Rohan:
Beaurepaire, Jacques Antonio Marcos, Conde de, em busto, miniatura pelo Dr. Fernando Luiz Ferreira, s.d., N. 17 de Novembro de 1770 F. 26 de Julho de 1836, Exposição General Henrique Beaureparie Rohan, Registrado sob o número 552, nos Anais da Biblioteca Nacional, 1881 - 1882, Volume Nove, Tomo II, número 18480.
Em 1868, fundou o Jornal O Artista, dedicado à indústria e principalmente às Artes, no Maranhão, semanário, com edições aos domingos. Nessa época, residia na Rua da Viração, no. 1, em São Luís do Maranhão, como consta do cabeçalho de uma das edições do jornal “O Artista”.
O Artista e a Tribuna Artística
Em 1º de março de 1868 começou a circular, em sua "segunda série", O Artista, de São Luís, semanário dirigido por Fernando Luís Ferreira. A respeito, Joaquim Serra fez a seguinte apreciação: "Era publicação assaz interessante e de muita utilidade. Sustentou porfiada luta em favor das classes operárias e instituiu largo e luminoso debate sobre variados assuntos de interesse provincial."
Viagem pelo movimento operário dos séculos 19 e 20
Por Lincoln de Abreu Penna em 11/9/2007
Observatório da Imprensa
... do órgão era Fernando Luís Ferreira. 6. Escreve Garcia que "1878 foi
um momento de grande significação histórica do movimento operário e ...
Marx, o socialismo e o Brasil - Página 132
de José Nilo Tavares - 1983 - 157 páginas
Os redatores eram seus filhos:
Engenheiros Dr. Luiz Vieira Ferreira, Joaquim Vieira Ferreira e Miguel Vieira Ferreira.
O Jornal ‘O Artista’, no. 34 de 1863, faz uma lista das artes praticadas na cidade de São Luís:
Desenho, pintura de paisagem, pintura de figura e retrato, cenografia, desenho fotográfico, escultura, música, dança, esgrima, etc.
Geralmente, os professores desses cursos eram artistas que passaram por esta cidade.
Diversidade cultural maranhense no século XIX
Lucy Mary Seguins Sotão & Josimar Mendes Silva
Revista dedicada â industria e principalmente ás artes, sendo de propriedade e
redacção do Dr. Fernando Luiz Ferreira e ...
Revista do Instituto historico e geographico brazileiro
de Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Alfredo de Carvalho - 1908
Página 180
Ephemerides maranhenses: datas e factos mais notaveis da historia do... - Página 83
de José Ribeiro do Amaral - 1923
Foi o tenente-coronel Fernando Luiz Ferreira o fundador de «O Artista», — um dos
melhores ... em 1879 o tenente- coronel Fernando Luiz Ferreira. ...
Sessenta annos de jornalismo: a imprensa no Maranhão, 1820-1880 - Página 53
de Joaquim Maria Serra Sobrinho, Joaquim Serra - 1883 - 153 páginas
Sob a redacção dos engenheiros Fernando Luiz Ferreira e seus filhos Drs. Luiz
Vieira Ferreira, e Miguel Vieira Ferreira,...
Rico Fazendeiro em Itapecuru Mirim, introduziu novos métodos de cultura, que incluíam a utilização do arado, tendo sido por isso censurado.
Pelo livro abaixo será possível conhecer uma das suas residências:
Uma região tropical de Raimundo Lopes - 1970 - 197 páginas
Essa propriedade do governo, estabelecida pelo engenheiro Fernando Luís Ferreira, foi adquirida, pouco depois, pela família Magalhães, cujo membro mais...
Fundador da Cidade de Pindaré Mirim
As primeiras décadas do século XIX transcorreram sem que se registrasse eventos ou medidas de maior destaque no campo do relacionamento da sociedade regional com os Guajajara.
O ano de 1840 representou um marco na retomada, já no contexto imperial, do incremento da política clientelística para com os Guajajara.
Neste ano, o Tenente-Coronel do Imperial Corpo de Engenheiros, Fernando Luis Ferreira, foi
enviado ao baixo Pindaré, pelo Coronel Luís Alves de Lima e Silva (futuro Barão e Duque de Caxias, então no comando das tropas que combatiam a Balaiada), para elaborar e colocar em
execução um “plano de civilização” para os Guajajara, visando assegurar a defesa da região contra incursões dos rebelados, e que os índios não viessem a aderir a eles. Este plano resultou
na criação da Colônia São Pedro do Pindaré (Marques 1970, p. 206). Várias outras “colônias” viriam a ser criadas nos anos seguintes, abrangendo outros grupos Guajajara: Colônia Januária (1854), Aratauhy Grande, Palmeira Torta e Dous Braços (entre 1870 e 1873).
A Insustentável Leveza do Estado:
Devastação, Genocídio, Doenças e Miséria nas Fronteiras
Contemporâneas da Amazônia, no Maranhão
István van Deursen Varga
... participando que tendo sido o Major d'Engenheiros, o Sr. Fernando Luiz
Ferreira, encarregado pelo Governo d´aquella Província da fundação de uma missão de Índios...
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - Página 216
de Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Instituto historico, geografico e ethnographico do Brasil – 1863
Seu organizador foi o tenente-coronel Fernando Luiz Ferreira, enviado pelo
governo provisório do coronel Luiz Alves de Lima e Silva, então chefe das tropas...
O índio na história: o povo Tenetehara em busca da liberdade
de Mércio Pereira Gomes - 2002 - 631 páginas
Página 224
Expedi o major de engenheiros Fernando Luiz Ferreira, com um missionário,
Revista trimensal de historia e geographia, ou, Jornal do Instituto...
de Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – 1870 - Página 359
A história de Pindaré Mirim remonta ao século passado. Em 1840, na margem direita do Rio Pindaré, foi instalada uma colônia de índios Guajajaras pelo Tenente Coronel Fernando Luis Ferreira, do Imperial Corpo de Engenheiros.
O Município de Pindaré-Mirim, cuja denominação é de origem Tupi-Guarani (pinda: anzol; mirim: pequeno), teve anteriormente outros nomes. Inicialmente foi chamado Engenho Central e em seguida Vila São Pedro. Seu povoamento teve origem em imigrações espontâneas procedentes do Piauí e do Ceará, que se dedicaram prioritariamente à lavoura. Desmembrado do Município de Monção, foi criado pela Lei Nº 1.052, de 10 de abril de 1923, com o nome de São Pedro, extinto pelo Decreto Estadual Nº 75, de 22 de abril de 1931 e restabelecido pelo Decreto Nº 121, de 1º de julho do mesmo ano. A sede tornou-se cidade pelo Decreto Nº 45, de 29 de março de 1938 e situa-se à margem direita do Rio Pindaré, no local onde antes existiu a Colônia São Pedro, instalada em 1840 pelo Tenente-Coronel Fernando Luis Ferreira, e habitada por índios Guajajaras.
Prefeitura Municipal de Pindaré Mirim
Deixou o manuscrito “Exposição a cerca da Civilização dos Guajajara do Rio Pindaré no Maranhão”, que faz parte do acervo da Biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro:
Conforme Informação de Fernando Luiz Ferreira, datada do Maranhão a 30 de Março de 1842, acerca da Missão de Guajajaras do Rio Pindaré, original em folhas, registrada nos Anais da Biblioteca Nacional sob o número 797, de 1881 -1882, Volume Nove, Tomo I, Registro 9267, Exposição do Instituto Histórico. O Manuscrito faz parte da Bibliografia Guajajara de Peter Schöder, Recife, 2002. Esta bibliografia foi escrita como subsídio para pesquisas e outros trabalhos que têm a ver com os índios Guajajara do Maranhão.
A estrutura foi escolhida segundo os critérios dos livros da série "Povos Indígenas no Brasil", do antigo CEDI (Centro Ecumênico de Documen¬tação e Informação). A grande maioria dos textos alistados encontra-se no arquivo do Conse¬lho Indigenista Missionário do Maranhão (CIMI-MA) em São Luís e no Instituto Sócio-Am¬biental (ISA) em São Paulo.
Serviu o Exército por 28 anos:
Fé de Ofício
Data de Praça: 29 de Setembro de 1820.
Data da Reforma: 9 de Agosto de 1848 por Resolução Imperial
Tempo de Serviço: 28 Anos
Vida Escolar:
Real Academia Militar de 10 de Dezembro de 1825 a 22 de Novembro de 1831
Cursos: Artilharia
Vida Profissional: 11º Corpo de Artilharia / 5º Corpo de Artilharia / Comandante do 2º Batalhão de Artilharia de Pé
Promoções:
1º Cadete em 10 de Outubro de 1820
2º Tenente em 26 de Março de 1821
1º Tenente em 13 de Outubro de 1823
Capitão em 22 de Março de 1824
Major Efetivo em 13 de Setembro de 1837
Tenente Coronel em 14 de Março de 1844
Em 1833 foi promovido a Comandante do Corpo de Artilharia, no Maranhão.
Comandante do 2º Batalhão de Artilharia em Pernambuco.
Corpo de Engenheiros:
Passou para o Corpo de Engenheiros em 20 de Maio de 1835.
Comissões
Participou da Comissão de Obras de Fortificação da Capital Maranhense por ocasião da Balaiada
Fé de Ofício: Pasta- III - 16 - 84 - SAP - AHEX,
Almanaques de Oficiais- 1820 - 1848 - AS - AHEX
Requerimento de Militares: Letra F Maço 31 Pasta- 1064-AS- AHEX
Pesquisa realizada por Alcemar Ferreira Junior, 1º Tenente Historiador
Registro de Escravos Domésticos em seu Diário
Tibúrcio, filho de Delfina, nasceu em 12 de Junho de 1851.
Clemente, filho de Delfina, nasceu em 29 de Janeiro de 1849.
Rafael, filho de Leonor, nasceu em 21 de Janeiro de 1867.
Clemente foi alforriado pelo Governo por assentar praça em abril de 1867. Recebi por elle 900$ da Thesouraria. Rafael morreu de alguns mezes de idade.
Casado, em 23 de Fevereiro de 1834, com LUIZA RITA VIEIRA DA SILVA E SOUSA, em 2ª Núpcias dela, que já era viúva de Honório Pereira da Silva, que segue (Genealogia Maranhense - John Wilson da Costa)
Nobreza Titulada
Seus avós maternos são: o Coronel Luiz Antonio Vieira da Silva, português, e sua avó D. Maria Clara Gomes de Sousa Vieira, brasileira, filha legítima do Coronel José Antonio Gomes de Sousa, filho legítimo do Sargento-Mor Antonio Gomes de Sousa, português. Ambos estes seus avós têm Brasões de Armas de Antiga Nobreza e Fidalguia, como se pode verificar na obra: Arquivo Heráldico-Genealógico do Visconde de Sanches Baena, impresso em 1872, em Lisboa, na Tipografia Universal, achando-se o primeiro sob o número 1761, e o segundo sob o número 1426.
Álbum de Portugueses e Brasileiros Eminentes
Fascículos XVII e XVIII
Tipografia Portuense, 1891 e 1892
Lisboa, Portugal
Nascida em 17 de Abril de 1803, em São Luís do Maranhão. Falecida em 14 de Julho de 1880, em São Luís do Maranhão.
Filha Luiz Antonio Vieira da Silva e de Dona Maria Clara Gomes de Sousa. Neta paterna de José Vieira da Silva e Anna Maria de Assumpção. Neta materna de José Antonio Gomes de Sousa e Luiza Maria da Encarnação.
Bisneta paterna de Antonio Vieira e Josepha Maria da Silva. De Francisco Pires Monção e Bernarda Luísa. Bisneta materna de Antonio Gomes de Sousa e de Dona Marianna das Neves. De José Luiz Barbosa e de Dona Rosa Helena Garrido. Terceira neta paterna de Torcato Vieira e Jerônima Fernandes. De Jerônimo Mendes da Silva e Maria Francisca. Terceira neta materna de Antonio de Sousa e de Dona Joana Gomes. De Phillipe Marques da Silva e de Dona Rosa Maria do Espírito Santo. De Pedro Gonçalves Garrido e Maria da Silva. Quarta neta paterna de Antonio Vieira e Jeronima Francisca. De João Francisco Almeida e Jeronima Fernandes. De Pascoal Mendes e Serafina da Silva. De Baltazar Francisco. Quarta neta materna de João Francisco da Silva e de Dona Marianna das Neves. De Antonio da Silva Carvalho e de Dona Ignácia da Silva Mello. Quinta neta paterna de Jerônimo Gonçalves e Jeronima Gonçalves. De Gervásio Francisco e Maria Francisca. De Domingos Fernandes e Damásia Gomes. De Antonio da Silva e Francisca Mendes. De Jerônimo Martins e Margarida. De João Gaspar das Neves. Sexta neta paterna de João Gonçalves e Inês Pires Gonçalves. De Gonçalo Jorge e Maria Jorge Martins. De Gonçalo Pires e Maria Francisca. De Belchior Fernandes e Filipa Gomes. Sétima neta paterna de Pedro Vicente do Souto. De Jorge Anes e Ana Jorge. De Jorge Anes e Catarina Anes. De Vasco Dias. De Sebastião Gonçalves. De... Isabel Gomes. Oitava neta paterna de Gonçalo Álvares e Margarida Gonçalves.
Fernando Luiz deixou alguns poemas escritos para Dona Luiza Rita. O 1º deixa claro que não havia amor, sentimento que só aparece quando o 1º filho nasce:
Quando Luiza
Já era minha
Mas um filhinho
Ainda não tinha
Suas virtudes
Eu estimava
Suas finezas
Apreciava
Mas quando um filho
Meiga me deu
No mesmo tempo
O amor nasceu
Seus attractivos
Que mal eu via
Nosso filhinho
M´os descobria
Elle uma estrella
Me parecia;
Ella brilhava
Qual luz do dia;
Si os comparava
Com flor mimosa
Em ambos via
Botão e rosa
Si os turvos lábios
Delle sorrião
Os risos della
P´ra os meus corrião.
Si os olhos delle
Nos procuravão
Os meus e os della
Se conversavão
E p´ra que a ambos
Elle encontrasse
Com ella unia-me
Face com face
De nos ver juntos
Sua allegria
Em nossos peitos
Amor vertia
Buscão-se os olhos
Della e de mim
Mas não se encontrão
Os lábios sim
Graças encantos
A Esposa tenha
Mas os deleite!
Dos filhos venha.
F.L.F.
O 2º poema nos mostra Fernando Luis em momento de solidão e distância da mulher e dos filhos. Os tiros do canhão da Fortaleza de Santa Cruz sugerem que fosse do Rio que ele escrevia:
Minha Luiza
Não, não supponhas
Que vivo em grutas
Feias, medonhas
Na summidade
De um alto monte
Donde diviso
Todo o horizonte,
Vivo n´um sítio
Fresco e ameno (1)
Vejo a cidade
E o ceo sereno
Palácios, templos
E aqueductos
O mar e a barra
E os seus reductos
Ruas immensas
E populosas
Seges innumeras
E pressurosas
Tal é o fundo
Do panorama
Que a todo instante
Meus olhos chama;
E se percorro
Mais junto a mim
A vista incerta
Pelo jardim
Vejo um amigo
Mui complacente (2)
Que torna o quadro
Mais excellente
Nada me falta
Do que desejo
Mas, oh, o teu rosto
Aqui não vejo.
Aqui não ouço
A voz canora
Que me affagava
A toda a hora
Nossos filhinhos
Nossos penhores
Aqui não vejo
Por entre as flores
Debalde a sorte
Me deparou
Um innocente
Que m´encantou (3)
É meigo e lindo
Faz me esquecer
Alguns instantes
Os meus não ver.
Mas o seguinte
Cruel momento
Deixa-me triste
Sem movimento
Só me acompanha
O teu retrato
Que, sendo mudo,
Parece ingrato
A sua boca
Não me apellida
Os olhos quedos
Mal mostrão vida
Peço um suspiro...
Baldado intento!
É duro o seio
Sem sentimento
Guardo assustado
A miniatura,
Só de uma ingrata
Fiel pintura,
Os olhos mando
D´alma a teu lado
Máo grado as ondas
Do mar salgado.
Vou n´um relâmpago
Chego a teu leito,
Apalpo e sinto
Bater-te o peito.
Minhas saudades
Eu lhe expendia
Que o próprio leito
Gemer se ouvia
Quando suave
Sonno profundo
Em braços leva-me
A outro mundo.
Tiros! Que é isto?
Artilheria!
Treme-me a casa!
Quem morreria?
É nada! É nada!
Santa Cruz salva! (4)
Um dia de amor
Ao romper d´alva.
Triste de mim
Sonhando ao menos
Não dei um beijo
Aos meus pequenos.
Vai, pensamento,
Vai a seus lares
E lhes explica
Os meus pesares.
(1) A chácara da Boavista do Dr. João
(2) O dito snr. Serra
(3) O filho do dito snr. Serra de 9 mezes de idade
(4) Santa Cruz é uma das Fortalezas da barra do Rio de Janeiro
F.L.F.
V. Meus 4º Avós, Obras,
Diário de Fernando Luis Ferreira
Segundo a Genealogia Maranhense, de John Wilson da Costa, seria viúva de José Honório Pereira. Desconhecemos se houve descendência.
Foram Pais de:
1.1 Luís Vieira Ferreira. Coronel de Engenheiros. Cavaleiro da Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Medalha da Guerra do Paraguai, Passador de Ouro. Nascido em 15 de Abril de 1835, em São Luis do Maranhão. Batizado em 18 de Maio na Sé, tendo como padrinhos sua avó, Dona Maria Clara de Souza Vieira e o tio paterno, Juiz Luiz Fernando Ferreira. Falecido em 6 de Janeiro de 1908, no Rio de Janeiro (Diário de Fernando Luis Ferreira)
Republicano Histórico e Signatário do Manifesto
Redator do Jornal A República
Retrato por seu Sobrinho Neto
Casou-se com moça da família Villares, e os filhos passaram a ter o sobrenome Villares Ferreira, desaparecendo, assim, um dos ramos da nascente família Vieira Ferreira.
Luiz foi oficial de Engenharia do Exército Brasileiro, e tomou parte na Guerra do Paraguai como oficial integrante da Comissão de Engenheiros, então dirigida pelo Dr. Carlos de Carvalho. Fez nessa ocasião a primeira planta da cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, logo após a rendição do General Estigarríbia, paraguaio, diante de D. Pedro II.
Uruguaiana havia sido uma pequena vila, à margem do Rio Uruguai, como a atual, porém um pouco mais ao Sul, no Marco 74, “Santana Velha”. Dominada pelo então Marquês de Caxias a Revolução Farroupilha, determinou o Marquês fosse deslocada mais ao Norte, fazendo face a “Paso de los Libres”, na Argentina, à margem direita do Rio Uruguai.
Durante a Guerra, já Capitão, foi o primeiro oficial brasileiro a por o pé em terras paraguaias, (na travessia do Passo da Pátria) conforme consta da obra “História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai”, do General Tasso Fragoso.
Parte de sua atuação nessa guerra encontra-se publicada na “A Defesa Nacional”, número 442, de maio de 1951, páginas 76 e seguintes. Ao findar a guerra, em 1870, trazia o posto de Capitão de Estado-Maior de 1ª Classe.
Naquele ano já fervia no Brasil a propaganda republicana. Na Capital do Império, Rio de Janeiro, o Clube Republicano elaborara e fizera publicar no jornal “A República”, edição de 3 de dezembro de 1870, o célebre “Manifesto Republicano”, que tanta celeuma levantou no país.
O verdadeiro formulador e redator do “Manifesto” foi meu bisavô Miguel Vieira Ferreira, e não Quintino Bocayuva, seu amigo, segundo muitas vezes me contou minha Tia Regina.
Luiz Vieira Ferreira foi o único signatário militar daquele importante documento. Antes, porém, de assiná-lo, e para não trair o Império a que servia pediu demissão do Exército:
“Não era possível servir ao mesmo tempo a dois senhores, a República e a Monarquia”.
Esse gesto valeu-lhe o ostracismo, mas depois da Proclamação da República, na qual, aliás, tomou parte ativa, foram-lhe reconhecidos os seus méritos e se lhe concederam as honras de Coronel de Engenheiros, voltando assim a envergar, como oficial honorário, o uniforme já por ele usado sob o fogo inimigo e já tradicional no seio de sua família.
Nessa ocasião foi nomeado Diretor da “Biblioteca Militar”, hoje “Biblioteca do Exército”.
Na parte final de sua vida foi Pastor, substituindo na Igreja Evangélica Brasileira seu irmão Miguel, que havia falecido.
Antonio Vieira Ferreira
General de Divisão Reformado de Artilharia
Republicano Histórico, Luis Vieira Ferreira fundou o 1º Clube Republicano do Brasil, assinou o Manifesto Republicano e foi um dos cinco primeiros Redatores do Jornal A República.
Segundo o artigo “Como foi feito o Manifesto Republicano”, do Jornal “A Noite”, de 3 de Dezembro de 1923, Luiz Vieira Ferreira assinou o documento original e sua assinatura não saiu na publicação do Jornal “A República” por ainda não ter sido exonerado pelo Imperador. Esteve no Campo da Proclamação, onde o Marechal Deodoro da Fonseca gritou: “Viva a República!”.
Sublime Amor
Dra. Mary Vieira Ferreira Prado
David Gueiros Vieira afirma não saber ao certo quando os irmãos passaram a nutrir idéias republicanas, mas sugere a viagem de Luiz Vieira Ferreira à França como explicação para isto (O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil. David Gueiros Vieira - Página 153 - Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1980.)
Formado na Escola Central, no Rio de Janeiro, hoje, Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro obtendo o grau de Bacharel em Ciências Matemáticas e Físicas, formando-se em Engenharia.
Professor da Escola Militar do Rio Grande do Sul.
Nomeado Diretor-Presidente da Biblioteca Militar, hoje Biblioteca do Exército, por volta de 1870.
Destacou-se na Guerra do Paraguai recebendo por seus atos de bravura diversas Medalhas e o Passador de Ouro: Lutou na Guerra do Paraguai como Oficial integrante da Comissão de Engenheiros, então dirigida pelo Dr. Carlos de Carvalho.
Fez nessa ocasião a primeira planta da cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, logo após a rendição do General Estigarríbia, paraguaio, diante de Dom Pedro II.
Durante a Guerra, já Capitão, foi o primeiro oficial brasileiro a pôr o pé em terras paraguaias, na travessia do Passo da Pátria, conforme consta da obra “História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai”, do General Tasso Fragoso. Parte de sua atuação na guerra encontra-se publicada na “A Defesa Nacional”, número 442, de maio de 1951, páginas 76 e seguintes. (General Antonio Vieira Ferreira)
Revolta da Armada: Pela sua participação na Revolta de 6 de Setembro de 1893 recebeu as Honras de Coronel do Exército Brasileiro pelos relevantes serviços prestados.
Participou da Campanha contra o Uruguai em 1864.
Como Jornalista teve atuação regular e de prestígio: foi um dos cinco primeiros Redatores do Jornal “A República” e antes havia sido Redator do Jornal O Artista, editado por seu pai, Fernando Luiz Ferreira, em São Luís do Maranhão.
Fundador do Jornal O Trabalho, em 1909, em Valença, e do Jornal “O Operário”, dirigido por David Alves dos Santos e por Luis Vieira Ferreira.
Verbete do Sacramento Blake
Luis Vieira Ferreira
Filho do tenente-coronel Fernando Luiz Ferreira, nasceu na capital do Maranhão a 15 de abril de 1835 e com praça no exercito fez o curso de sceincias physicas e mathematicas na escola cnetral, onde foi graduado bacharel. Serviu na campanha contra o Paraguay, pedindo depois sua demissào o posto e capitão do estado-amior de primiera classe. Escreveu:
- Passagem do rio Paraná. A commissão de engenheiros do primeiro corpo do exercito em operações na campanha do Paraguay. Apontamentos de campanha, etc. Rio de Janeiro, 1890, in-80.
- Redigiu com seu pai e dous irmãos: O Artista: jornal dedicado à industria e particularmente às artes. Maranhão, in-fol. Peq. – Este jornal teve duas series e viveu alguns annos, estando em 1868 na 2a serie.
Volume 5, 1899, p.481
Sacramento Blake
É citado no César Marques no Verbete dedicado ao seu pai:
Luiz Vieira Ferreira - Nasceu na capital do Maranhão em 15 de abril de 1835. Estudou preparatórios na dita cidade, e matemática na Escola Central da Côrte, e suas aplicações à guerra na Escola Militar. É bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas. É capitão do Estado-Maior de 1a Classe do Exército. Em Maranhão nunca foi empregado, nem como engenheiro, nem de qualquer outro modo.
Marques, César Augusto.
Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão.
Rio de Janeiro. Cia. Editora Fon-Fon e Seleta, 1970. Página 259,260 e 261
Serviu o Exército por 20 anos, pedindo sua exoneração ao Imperador para poder assinar o Manifesto Republicano:
Fé de Ofício
Data de Praça: 18 de Setembro de 1851
Data de Reserva: Demissão a pedido em 26 de Janeiro de 1871
Tempo de Serviço: 20 Anos
Vida Escolar:
Escola Militar de 28 de Fevereiro de 1852 a 31 de Dezembro de 1856
Reprovado por faltas - De 12 de Março de 1853 a 21 de Novembro de 1857
Vida Profissional:
1º Batalhão de Infantaria /3º Batalhão de Infantaria a pé /1º Batalhão de Artilharia a pé.
Adido:
Batalhão do Piauí
Condecoração:
Cavaleiro da Ordem de Cristo
Promoções:
1º Cadete, em 28 de Outubro de 1851 / Alferes Aluno, em 14 de Abril de 1855 / Alferes Efetivo em 2 de Dezembro de 1856 / 1º Tenente, em 2 de Dezembro de 1857 /Capitão, em 22 de Janeiro de 1866.
Guerras e Revoltas:
Participou da Campanha contra o Uruguai em 1864.
Participou da Guerra do Paraguai em 1865.
Revolta da Armada em 1893.
Cursos:
Estado Maior 1ª Classe - Reg. 1855.
Bacharel em Matemática e Ciências Physicas.
Engenheiro:
Construtor das obras de Fortificação de Tabatinga, Amazonas.
Demissão:
Pediu demissão do Exército em 26 de Janeiro de 1871.
Fé do Oficio: Pasta nº 2 -22 -110 -SAP -AHEX
Almanaques: 1851 -1870 -AS -AHEX
Pesquisa de Alcemar Ferreira Junior, 1º. Tenente Historiador
Em 1858, à Página 278, fazia parte do Corpo do Estado Maior do Exército de 1ª Classe, como Alferes. Em 1861, à Página 265, era Tenente, empregado na Província do Rio de Janeiro. Em 1866, à Página 268, era Capitão, Repetidor Interino de a Escola Militar Auxiliar do Rio Grande do Sul. Em 1869, à Página 276, fazia parte do Corpo do Estado Maior do Exército de 1ª Classe como Capitão, servindo no Amazonas. Em 1870 foi nomeado Coronel de Engenheiros. (Almanak Laemmert)
Segundo o Diário de seu pai, viajou para o Rio em 7 de Fevereiro de 1852.
Cartas para o Pai
Hoje 20 de julho de 1864, achando entre papeis velhos uma carta de meu filho Luiz datada de 08 de agosto de 1852, que tanta honra lhe faz, aqui a vou registrar, p.r q. o original pode perder-se.
Meu Pai — Rio 8 de Agosto de 1852 — A última sua que recebi foi a que acompanhava os livros que já lhe acusei ter recebido, nessa V. M. me dizia que nada fallava a respeito da casa por que queria dar boas novas, o que me encheu de novas esperanças e estou ancioso por receber cartas suas; V. M meu Pae, dis-me que de Agosto em diante melhoraria a minha mezada; porem apezar de eu precisar disso, digo-lhe que não quero sacrifícios de meus irmãos por minha causa, se V. M. mandando-me mais dinheiro não poder mandar o Joaquim para a cidade ou o Miguel para onde V. M. destina, eu despenso esse dinheiro com tanto que seja para utilidade dos meus manos, [página 024v] isto era inútil dizer-lhe, mas é que V. M. podia julgar que eu estou aqui morrendo á fome, não, o dinheiro que tenho chega-me para eu manter-me.
Vamos agora julgar que sem sacrifício V. M. quer mandar-me dinheiro, eu não sei quanto será, porem previno-lhe que eu passarei aqui muito bem com mezada de 30$000 porque tenho o soldo que faz com que se torne 43$000 e esta quantia é-me bastante; caso V. M. queira mandar para aqui algum de meus manos é bastante também só 30$000 porque, assim termos ambos 70$000 e as despesas tornão-se communs, e portanto menores.
Eu desejo muito ter meus dous manos comigo, ao menos um delles, porem não pesso agora que elles venhão, porque não sei se isto já deixará de ser sacrifício, e eu mais nenhum posso exigir, mas espero que elles a seu turno, fassão os esforços quando acharem conveniente, e mesmo V. M. de seu moto-proprio fará a diligencia de proporcionar-lhes os meios.
Meu Pai, eu vou indo bem com meus estudos, o Dr. Negreiro tem-me tratado bem, como a José Gomes, muito bem; as outras cartas, umas não tenho entregado, por não ser possível saber onde morão, as outras por não ter tido occasião, agora as datas se achão atrazadas e parece falta de attenção já não ter entregado a mais tempo, por isso não sei o que faça, talvez fosse o mais conveniente V. M. fazer outras com mais vagar.
O J.e Gomes recebeu a mezada por ordem do Nina.
Nada mais tenho a dizer senão que lhes desejo a saúde, e pedir a minha Mãi e V. M. que abençoem a Seu filho que os ama.
Luiz Vieira Ferreira
Diário de Fernando Luis
Carta de Luiz Vieira Ferreira, 1863, p. 116.
Meu Pai — Porto Allegre 16 de Setembro de 1863
Respondo á sua de 7 do passado que hoje recebi, juntamente com os n.os do jornal – Artista – Tenho pois, a colleção desse jornal desde que Vmce. se encarregou de sua redacção até que a deixou, faltando-me unicamente durante esse período os n.os 33, 35, 36 e 37 que forão extraviados pelo correio, que lhe rogo que m’os mande caso seja isso possível. Não me manda Vmce. dizer a causa porque deixou a redacção do Artista, e sinto bastante que a província não conservasse por mais tempo esse foco de luz que Vmce. tão bem mantinha, e que tenho quase certeza que breve se extinguirá ou pelo menos há de degenerar em assumptos menos convenientes, para o progresso.
O seu jornal, em minha opinião, estava muito bom, e nos termos em que devia estar, porque indicava á classe a que era destinado os progressos que fazem as artes e a industria em povos mais adiantados; inspiravalhes o desejo de tomar parte nesse progresso, mostrando-lhes como o apperfeiçoamento das artes pode melhorar os resultados do trabalho, e finalmente, entre muitas outras vantagens, tinha a principal de não sacrificar o entendimento de seus artigos destinados a uma classe apoucada de illustração, ao amor próprio de artigos que podessem apenas apresentar á pessoas illustradas uma erudição mais vasta, um estylo mais pomposo.
O seu jornal estava nos termos convenientes, porque se adequava aos artistas pela sua linguagem chan e lhes dava por isso mesmo, animo de concorrerem com os seus poucos cabedaes para o grande movimento que um dia se havia de erigir. Infelizme. porem, na nossa malfadada terra as cousas são como são, e não como deverião ser, e, em geral, o verdadeiro merecimento é apreciado depois que já é registrado no passado, porque o presente é dos especuladores e dos eleitos do patronato; a corrupção tem attingido a um ponto assustador, e o mundo todo parece prepara-se para uma revolução do globo no século corrente. Não quero com isso dizer que o novo redactor do Artista não seja digno das attenções e respeitos devidos a um homem illustrado e honesto, porque tal asserção não podia partir de mim que não o conheço; apenas indico que elle está na moda do século, isto é mal collocado na redacção de um jornal que deve tractar de questões que lhe são estranhas, quando elle podia melhor servir a seu paiz estudando o código, estudando e discutindo outros muitos melhoramentos que a jurisprudência pode aconselhar ao Brasil.
Por aqui também appareceu uma nuvem de pequenos jornaes litterarios, alguns dos quaes já desapparecerão e outros vão ajuntando em quanto alguma rajada de vento não os dispersa. Entre esses, dous são dignos menção, um delles — o Diógenes (*) — por ser dirigido por um jovem Port’Allegrense de bastante inteligência, bom poeta, e bom prosador, e também porque mostra ainda o espírito de épocha.
Hoje os exemplos guião a mocidade a fazer a sua estréa na vida por um acto pouco conveniente; isto é, o correr das cousas aconselha que se escreva um Timandro para mais depressa ser ministro, e então, reconhecido, beijar a Augusta mão de S. M. I. e confessar as suas culpas passadas, e a intelligencia que unicamente desejar os fins, não dando maior importância a incoherencia das epochas de sua vida, faz bem em trilhar esse caminho; mas a que se presa de princípios [página 9v] moraes bebidos na infância, não escreve senão o que lhe dita o coração, e não obedece a imposição vergonhosa do século.
O Diógenes começou a escrever uns typos com o titulo de – Mulheres de mármore –; ahi encarou o sexo como frágil, e não se saciou de pintar horrores, nos quaes o mais torpe cynismo era o farol; depois escreveu os homens de bem, debaixo da mesma influencia e por tanto com o mesmo estylo.
Concordo que esses horrores se pratiquem, concordo que elles sejão descriptos com todas as suas cores, para exemplo dos incautos, mas não posso admittir que se apresentem como typos alguns caracteres e immundos de homens e de mulheres, que se entreguem, expontaneame. ao vicio, sem uma luta entre as circunstancias e a virtude em geral nata em o homem e sobre tudo com a mulher.
O homem tem na sua natureza, em geral, a propessão para o bem, o pejo da pratica do mal; se algumas circunstancias o obrigão a inverter essa propessão, a destruir esse pejo, é preciso que em um typo essas circunstancias appareção com alguma força, e sobre tudo, exige a moralidade que não sejão todos modelados por essas creaturas fracas, e que a virtude appareça sempre sobremaneira ao vicio.
O Diógenes não pensava assim. Convidarão-me para tomar parte nessa folha, e eu declarei formalmente que só escreveria no caso de não publicarem artigos como as mulheres de mármore e os homens de bem; não produzio logo effeito o meu parecer, os artigos sahirão, mas hoje o jornal vai tomando paulatinamente outro caracter mais conveniente.
O segundo jornal de que lhe fallei acima, tem por titulo – Artista –; mas o seu programa não é apropriado convenientemente á sua epigraphe, apezar dos esforços que fiz, porqe. esse jornal sahe debaixo da minha direcção. É um jornal litterario também, e seu nome é apenas devido a ser propriedade de alguns artistas que são os próprios a imprimil-os. Remetto-lhe uma colleção para Vmce. ajuizar delle. É em um formato mui pequeno, e não tem nenhum artigo de importância; mas tem jorado de boa aceitação. Transcrevi em um dos n.os o seu discurso feito ahi na associação dos artistas, porque o achei muito bom, e muitas pessoas a quem o mostrei forão da mesma opinião.
Seu filho
Luiz
Diário de Fernando Luis
Carta de Luiz Vieira Ferreira, 1863, p. 119.
Por ironia, o Diógenes citado e criticado na última carta de Luis para seu pai, era o pseudônimo do também Republicano Histórico Dr. Pedro Rodrigues Soares de Meirelles. Assinou o Manifesto Republicano e foi um dos 5 primeiros Redatores do Jornal A República, ao lado do próprio Luis e do seu irmão Miguel Vieira Ferreira. Era carioca, Promotor de Justiça, Escritor e filho do Conselheiro do Império e Médico Saturnino Soares de Meirelles, neto do Ministro e Conselheiro do Império Joaquim Cândido Soares de Meirelles, e sobrinho bisneto do Padre Mestre João Batista Soares de Meirelles (V. Meus 5º Avós). Ainda por ironia Pedro Rodrigues Soares de Meirelles era primo em 4º de sua futura cunhada Dona Elisa Augusta Gomes do Val, mulher do seu irmão Joaquim Vieira Ferreira.
Carta para o Sobrinho Fernando Luis Vieira Ferreira
Capital Federal, 9 de Junho de 1900.
Fernando
A Lusiquinha, que para ahi segue hoje, vai incumbida por mim e minha família de felicitar-te e a tua esposa pelo nascimento do João Baptista. Deus dê a elle e a seu irmão mais velho muitas bênçãos.
Teu tio e amigo.
Luis
Com a morte do irmão Miguel Vieira Ferreira, fundador da 1ª Igreja Evangélica do Brasil, assumiu a direção da Igreja Presbiteriana em 9 de Janeiro de 1898, tendo sido escolhido por deliberação unânime.
Casado, em 20 de Março de 1858, com Dona Luiza Carolina Villares, filha de Dona Maria Villares. Certidão de Casamento: Santo Antonio Livro 1º fl. 41v. Aos 20 de novembro de 1858 nesta Freguesia de Santo Antonio na casa de residência de Dona Maria Benedicta Lança Villares, na Rua de Matacavalos número 126 em altar preparado ... pelas seis horas da tarde segundo a provisão de Sua Exc. Rev.Senhor Bispo Conde Capelão-Mor que dispensou os proclamas e mais formalidades... perante as testemunhas Alexandre Manoel Albino de Carvalho e Antonio Augusto César, e tomados os depoimentos... receberam-se em Matrimônio o Tenente Luiz Vieira Ferreira filho legítimo de Fernando Luiz Ferreira e de Dona Luiza Rita Vieira da Silva Ferreira, natural e baptizado na Freguesia de N. S. da Victória da Cidade do Maranhão, com Dona Luiza Carolina Villares filha legítima de Luiz Rodrigues Villares e de Dona Maria Bendicta Lança Villares, natural e baptizada na Freguesia de Sant’Ana e ambos moradores nesta Freguesia . O Coadj. José de Carvalho Mello de Andrade (Cúria Metropolitana - Ana Carolina Nunes). Família Villares: É possível que seja a mesma família Villares casada na Família Gomes do Val, em Valença no Estado do Rio. Se considerarmos que o seu irmão Joaquim se casou na Família Gomes do Val e que o próprio Luiz foi dono de jornal em Valença, é bastante razoável que seja a mesma e ilustre família Villares (V. Meus 4º Avós, Matheus Gomes do Val e Thereza de Jesus Maria Soares de Meirelles). Registro de Casamento: Luiz Vieira Ferreira. Casado Rio (S. Ant., 1º, 43 v.) 1858. Com Luiza Carolina Villares. (Colégio Brasileiro de Genealogia - Ana Carolina Nunes) Com Geração.
1.2 Maria Rita Vieira Ferreira. Professora em Inhaúma. Nascida em 20 de Outubro de 1836, às 6 horas da manhã, na presença de Dona Maria Júlia, Cândida Fria e sua tia paterna Henriqueta Cândida Ferreira. Batizada com mais de três anos de idade. Faleceu solteira. Padrinhos: Seu tio materno, João Victo Vieira da Silva e sua tia paterna Dona Pulquéria Amália Ferreira, na Sé. A Viagem para Alcântara: Segundo o Diário de seu pai, Maria Rita foi para Alcântara em 20 de Julho de 1843, aos 7 anos de idade, com as tias Pulquéria Amália Ferreira e Maria Amália Ferreira que moravam com o irmão, Luis Fernando Ferreira, que era Juiz Municipal em Alcântara. Voltou de Alcântara no ano seguinte, em 29 de Junho de 1844, porque seu pai estava em Pernambuco e sua mãe, estando grávida, queria tê-la consigo.
1.3 Miguel Vieira Ferreira. Pastor e Tenente Coronel de Engenheiros.
Abolicionista e Republicano Histórico
Redator do Jornal A República
Signatário do Manifesto Republicano.
Fundador da 1ª Igreja Evangélica do Brasil
A Lacuna Histórica
Um grande brasileiro sempre relegado ao olvido pelos historiadores da pátria que de modo tão extremado amou e, pela qual, abnegadamente, tudo fez, sacrificando mesmo seus próprios interesses pessoais em bem da coletividade, foi, sem dúvida, o Dr. Miguel Vieira Ferreira.
Dotado de vastos conhecimentos científicos que se manifestavam nele em sua inconteste sabedoria, possuidor de uma força de vontade indômita, esse ilustre cidadão, esposando sempre ideais os mais alevantados, amplos e liberais, procurou sempre transmitir o bem deles decorrente a todos quantos tiveram a dita de com ele conviver, tornando sua instrução como pedagogo digno da mais reverente e atenciosa consideração!
"A História e suas lacunas"
Dra. Mary Vieira Ferreira Prado
Retrato por seu Neto
Nascido em 10 de Dezembro de 1837 em São Luiz, Maranhão, faleceu no Rio de Janeiro em 20 de Setembro de 1895, à Rua São Clemente 79, residência de seu cunhado e primo, Joaquim Gomes de Souza. Após o Curso da Escola Central do Império, depois Escola Politécnica, ainda hoje no mesmo prédio, no Largo de São Francisco, Rio de Janeiro, e como 2º Tenente de Engenheiros.
Casou-se com uma prima em 2º grau, Maria da Glória Gomes de Souza Vieira Ferreira, filha do Major Ignácio José Gomes de Souza, e de Antônia Gertrudes de Brito Magalhães Cunha, neta do Coronel José Antônio Gomes de Souza e Maria Micaela Catanhede, sendo bisneta do Sargento Mor Antônio Gomes de Souza e Mariana das Neves, portugueses. Era irmã do matemático Joaquim Gomes de Souza (o “Souzinha”) e de outros onze irmãos e irmãs.
Miguel era Doutor em Ciências Matemáticas e Físicas pela antiga Escola Central, que já cursara antes, havendo recebido a “borla” e o “capelo”, característicos do doutorado. Mais tarde foi fundador e 1º Pastor da Igreja Evangélica Brasileira, com sede inicial à Rua Camerino, Rio de Janeiro. Foi pai de nove filhos, dos quais cinco homens e quatro mulheres.
Antonio Vieira Ferreira
General de Divisão Reformado de Artilharia
Nascido em 10 de Dezembro de 1837, São Luís, Maranhão, em casa de seus pais na Fonte das Pedras. Falecido em 20 de Setembro de 1895, no Rio de Janeiro.
Em 1863, após defender tese perante o Imperador Pedro II, recebeu o título de Doutor em Ciências Matemáticas e Físicas.
Meu pai — Corte 4 de julho de 1863. — Vou escrever-lhes esta carta com extremo prazer, pois sei quanta satisfação ella vai dar-lhes. — O Imperador marcou o dia 3 do corrente para a defesa da minha these, e nesse dia teve efectivamente logar; e fui approvado plenamente, depois de uma boa defesa. — No dia em que tirei ponto foi meu companheiro um Francez naturalisado brasileiro, que é repetidor da Escola de Marinha, e ambas as nossas defesas tiverão logar no dia 3 do corrente, sendo elle approvado simplesmente. — Ora, Vmce. deve ter presente o que se deu comigo na Escola de Marinha em quanto pretendi concorrer para lá; pois bem, um dos que entrarão foi o meu companheiro de these, e esse é considerado com justiça o mais hábil dos modernos. Concorremos ante-hontem: elle apresentou uma these má e defendeu-se peor, e se não foi reprovado, a meu ver, é por considerarem que se tratava de um professor de uma Escola de Mathematica; eu apresentei uma these sem erros e defendi-a muito bem. As approvações vierão ainda pôr mais fora de duvida essa questão.
Agora pergunto á Escola de Marinha: se o mais habilitado entre a que me preferiste é inferior a mim, o que devese julgar dos outros? Foi ou não injusta a minha exclusão? Vocês terião ou não adquirido um professor hábil? Elles que respondão. Enquanto a mim contento-me em ter-lhes dado esta bofetada, que não é pequena. Durante a defesa de minha these, o Imperador esteve satisfeito, segundo me disse o Joaquim, pois eu não estava voltado para elle. O Paranhos, que me ficava ponteiro, applaudio todas as minhas respostas, e o Joaquim diz que era sempre de intelligencia com o Imperador. — Hontem, 4, fui agradecer a este por ter assistido á minha these, e elle recebeu-me perfeitamente. Conversou algum tempo comigo sobre ella, e depois perguntou-me se eu continuava a estudar para escrever os meus trabalhos. Perguntou-me o que eu tinha actualmente em vista, isto é, de que parte estava me ocupando, e eu respondi. Depois perguntou-me se tinha lido os trabalhos modernos de Grove e outros physicos sobre o calor, e ficamos conversando um pouco sobre isso. Foi em resumo a minha entrevista, e creio que não me foi desfavorável. Todas as vezes que lhe tenho fallado elle pergunta-me pelos meus trabalhos, de sorte que o homem parece esperar de mim alguma cousa, alem, de que já tive o prazer, em uma de nossas entrevistas de ouvir de sua própria bôca que eu era um moço de talento, de quem o paiz tinha alguma cousa, cousa a esperar e que por isso continuasse a estudar. Foi quando lhe fallei sobre a minha entrada para a escola. 5. Espero que breve poderei dar-lhe uma prova inequívoca de que tenho algum merecimento. — Fui hoje ao Mello fazer-lhe um pedido feito pelo Antonio Gayoso e fiz os seus cumprimentos a elle. — Quando ia sahir, elle disse-me que hontem o Imperador lhe falara de mim muito satisfeito, dizendo que alem de tudo admirava a minha presença de espírito, pois que soube conservar-me de principio a fim, no meio de todas as intempéries, e que soube ficar em guarda contra todos os attaques. Isto concorda com o que eu conclui da conversa que tive com o Imperador.
Diário de Fernando Luis Ferreira
Carta de Miguel Vieira Ferreira
Página 117
Republicano Histórico, Miguel foi um dos cinco primeiros Redatores do Jornal A República, Redator e Signatário do Manifesto Republicano e fundador do 1º Clube Republicano do Brasil:
Narrei alguns fatos do princípio; outros historiem até ao fim. A história fará menção minuciosa de tudo. Não tive a fortuna de achar-me presente às ocorrências do dia 15, porque outros deveres imperiosos me retinham fora da cidade, privando-me de ter conhecimentos dos fatos, e de compartilhar a responsabilidade deste grande dia. Louvores! Louvores! Ao ínclito Marechal Deodoro, membro ilustre de uma ilustre família, herói n'uma família de heróis, brasileiro patriota, que elevou o seu nome e a sua pátria acima de tudo quanto se tem visto no velho e no novo mundo. Alto e bem alto proclamemos o patriotismo do exército e armada brasileiros. Reconheçamos o civismo de nossos concidadãos. E sejam dadas toda a benção, honra, glória e poder ao Senhor Deus dos Exércitos! Julgo ter prestado serviço importante e momentoso, publicando neste folheto o Manifesto Republicano dado à lume n' A República aos 3 de dezembro de 1870. Não só os brasileiros e estrangeiros lerão agora, cheios de interesse, esse grandioso e imortal documento do passado, como, além disso, recordarão os nomes ou ficarão conhecendo os primeiros propulsores deste prodigioso movimento. A mocidade precisa saber, de presente e de futuro, como estas cousas se tem passado desde a origem; e já é tempo de ir consignando os dados históricos para que não fiquem no esquecimento.
Parte dos apontamentos feitos pelo Doutor Miguel em
10 de Dezembro de 1889 sobre o Manifesto Republicano de 1870.
Miguel Vieira Ferreira (1837-1895), identificado como médico na legenda da foto de seu comentário ao Manifesto Republicano, era Doutor em Ciências Físicas e Matemáticas pela atual Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Foi um dos primeiros redatores da folha “A República”. Fundou o 1º Clube Republicano do País. Pleiteou extensamente a causa da libertação dos escravos; a necessidade de se criar trabalho para as mulheres e torná-las capazes de subsistir honestamente sem precisar herdar nem casar; pugnou pela instrução pública, educação e instrução do sexo feminino e o ensino misto. Foi pioneiro da educação popular e do atendimento educacional aos filhos dos trabalhadores. Escritor e jornalista, foi fundador e 1º pastor da Igreja Evangélica Brasileira. (GSR)
Cruzeiro Net - Sorocaba - Fascículo 350
O texto do Manifesto Republicano foi reproduzido em vários jornais e comentado em folhetos e livros como este do médico Miguel Vieira Ferreira.
Acervo Museu Republicano Convenção de Itu.
Fundador do 1º Clube Republicano do Brasil
Chegando ao Rio de Janeiro em 1870, trazendo consigo a idéia de levantar um partido republicano, como falara muitas vezes no Maranhão sem achar eco nem ser compreendido senão por seu pai e pelo jovem Ennes de Souza , hoje doutor e lente catedrático e mui distinto da Escola Politécnica e notável diretor da Casa da Moeda do Rio de Janeiro; de acordo com seu irmão o Dr. Luiz Vieira Ferreira, então Capitão do estado-maior de primeira classe do Exército e que tinha feito com brilhantismo a campanha do Paraguai se achava bem empregado e com mui grande conceito; e mais um pequeníssimo grupo, fundaram o Club Republicano, primeiro que para o dito fim e sob essa denominação e princípios foi criado no Brasil, a núcleo de onde partiu a transformação rápida e operada no país, e que gerou e produziu o grande 15 de novembro de 1889. Por votação do partido nascente foi eleito um dos cinco primeiros redatores da folha A República, na qual não só escreveu muito de lavra própria com extrema energia, zelo e dedicação, como publicou traduções de notáveis obras de Ed. Laboulaye, J. Simon, J. Favre etc.
Álbum de Portugueses e Brasileiros Eminentes
A Fundação do Clube Republicano e do Jornal A República
Parti para o Rio de Janeiro; e, aqui chegando, logo o "Correio Nacional" deu uma notícia honrosa de minha chegada. Soube que esse artigo fôra oferecido à redação por um colaborador, caráter muito nobre e elevado da nossa sociedade. O artigo e o ardente desejo que eu tinha de conhecer pessoalmente esses dois moços, únicos em quem Borges da Fonseca confiava e de quem muito esperava, fez-me logo procurá-los em seu escritório de advocacia e redação.
Em companhia de meu irmão, Dr. Luiz Vieira Ferreira, fiz-lhes conhecer o fim da minha visita e o conceito em que os tinha Borges da Fonseca. Apresentei-lhes a idéia de forma-se um Club Republicano e de criar-se o partido com uma Folha que se chama-se "A República" e tudo feito ostensivamente, quaisquer que fossem as conseqüências. Eles asseguraram-me ser esse seu modo de pensar e o de alguns outros radicais, mas que eram tão poucos e que tudo se achava tão corrompido que não pensavam ser possível encontrar mesmo um pequeno número de indivíduos, que tivessem a coragem de congregar-se e trabalhar às claras. Disse-lhes ser conveniente experimentar e que, por nosso lado, com esse projeto eu tinha vindo, estávamos ambos dispostos a correr todos os perigos; que nós correríamos de bom grado o risco da cabeça. Eles ficaram de pensar sobre o assunto e separamo-nos. Poucos dias depois, recebemos um cartão convidando para uma reunião republicana. O cartão dizia: Club Republicano. Ficamos muito satisfeitos e perguntamos ao portador pelo seu nome. Respondeu-nos: "Chamo-me João de Almeida e o convite veio do escritório de Limpo de Abreu e Rangel Pestana."
O Estado de S.Paulo - 3 de dezembro de 1970
Citação Histórica
A idéia republicana afirmou-se no Brasil através das muitas revoluções e motins que agitaram este país desde os tempos coloniais até o banimento da família imperial. A sua propaganda, porém, inteligente, metódica, sistemática, generalizada pelas camadas populares, começou em 1870, com aquele celebre manifesto e a publicação do jornal "A República". Sobre este acontecimento assim se exprime o Doutor Miguel Vieira Ferreira em um opúsculo que não foi contestado:
"Em 1870, retirando-me do Maranhão para a Côrte, disse a algumas pessoas que eu vinha trabalhar pela república; o que deu lugar a ironia e sarcasmo de um desses homens sem fé nem crenças que pensam ser os luzeiros e a personificação da prudência; que não acreditam senão n'aquilo que vêm e que lhes dá um interesse imediato; e que chamam de utopia o que não podem compreender como possível ou tudo que lhes possa trazer qualquer sacrifício ou prejuízo. Passando por Pernambuco fui sequioso procurar Borges da Fonseca para comunicar-lhe minha idéia e obter dele esclarecimentos, conselhos ou aquilo que tivesse para me dar. Recebi dele em resumo o seguinte: "Não se fie em quem já estiver com a cabeça branca como eu. É gente toda estragada pela monarquia, é gente podre. Mesmo na mocidade a corrupção é grande. No entanto há na Côrte dois moços, Francisco Rangel Pestana e Henrique Limpo de Abreu, redatores do Correio Nacional. Esses dois moços eu os tenho por sinceros; são republicanos e não me parecem corrompidos. Procure-os.”
História da República
Plácido de Abreu
Fundador da 1ª Igreja Evangélica Brasileira:
Era o Dr. Miguel membro da Igreja Presbiteriana, mas atritos sérios – devidamente analisados em algumas teses acadêmicas – levaram-no ao rompimento.
A Igreja Presbiteriana foi mais bem sucedida em atrair a nobreza do país (as famílias do Marquês do Paraná, Barão de Antonina - senador imperial - e dos Souza Barros, parentes da coroa portuguesa), e as lideranças política e militar (duas famílias de nome em São Luís do Maranhão, e as famílias do almirante Sebastião Caetano dos Santos, do tenente Cícero Barbosa - que se tornaria mais tarde um dos primeiros clérigos presbiterianos no Brasil, e do general Abreu e Lima, um dos maiores defensores do Protestantismo no Brasil).
A burguesia urbana também estava bem representada. A Igreja contava com o engenheiro Miguel Vieira Ferreira, o poeta A. J. dos Santos Neves, o escritor Júlio César Ribeiro Vaughan, o médico Vital Brasil, e os industriais José Luís Fernandes Braga e Domingos Antônio da Silva Oliveira. Entre os primeiros clérigos a Igreja ordenou homens de negócio como os reverendos Trajano, Miguel Torres, e Vicente Themudo Lessa, alfaiates como Miranda e Silva, e até sapateiros como Batista de Lima e Silva. Ferreira e Leonard também mencionam a presença de outros advogados, médicos, professores universitários e mestres escolares (Ferreira, 1959, Leonard, 1963).
(http://www.pucsp.br/rever/rv4_2001/i_cavalc.htm)
Homenageado no Congresso Nacional com o Pronunciamento em 12 de dezembro 2000 no Congresso Brasileiro, em homenagem ao Dr. Miguel Vieira Ferreira, médico e fundador do Clube Republicano no Brasil:
Senhor Presidente, Senhoras Senadoras, Senhores Senadores:
Tomo a liberdade de trazer a este Plenário, hoje, um breve registro sobre um personagem singular de nossa história. Uma pessoa que, modestamente, contribuiu para o fim da escravidão e para a proclamação da República, dois eventos fundamentais para a consolidação do Brasil como nação. Trata-se do Dr. Miguel Vieira Ferreira um dos fundadores do Clube Republicano e do jornal A República, que foram as duas manifestações mais importantes do republicanismo entre os anos de 1870 e 1889. Faço esta homenagem em função do transcurso do aniversário de nascimento desse ilustre brasileiro, ocorrido no último dia 10 de dezembro. Nascido na então província do Maranhão, Miguel Vieira Ferreira, acadêmico brilhante, militar competente, cidadão republicano e educador deixou sua marca de maneira indelével na constituição de nossa nacionalidade.
Começo por lhe ressaltar o título de doutor. Não era ele "doutor em medicina", título que se costuma atribuir aos médicos; tampouco era bacharel em direito, título honorífico atribuído aos advogados. Era "doutor com tese defendida". Não era doutor por decreto nem por honraria, como era de hábito na época. Em 1863, após defender tese perante o Imperador Pedro II, recebeu o título de Doutor em Ciências Matemáticas e Físicas. Foi autor, entre outras obras, de uma monografia intitulada Ensaio sobre a Filosofia Natural, obra que suscitou o interesse de Pedro II, conhecido por ser um monarca esclarecido e protetor das artes e das ciências. Trago, nesta homenagem, apenas os fatos mais relevantes desse que, certamente, mereceria o título de um dos "Pais da Pátria". Esses fatos demonstram, pelo exemplo, como esse nosso antepassado atuou. Não contente com seu brilhante desempenho acadêmico, Dr. Miguel Vieira Ferreira atuou como engenheiro militar no Maranhão, onde projetou diversas obras. No desempenho dessas atividades, na direção da Casa de Fundição da Companhia de navegação fluvial, construiu o primeiro vapor naquelas oficinas.
Após encerrar sua carreira militar, tornou-se industrial, ocasião em que fundou um estabelecimento denominado Educandos Industriais. Nesse empreendimento acolhia crianças filhos dos proletários e proporcionava-lhes instrução, trabalho e lazer, buscando retirá-los da marginalidade a que estavam condenados.
Como educador, fundou, tanto no Maranhão como no Rio de Janeiro, diversas escolas, que vieram a fornecer o modelo de escolas primárias. No Rio de Janeiro, fundou a Escola do Povo, em que dava conferências, procurando instruir as pessoas comuns. Esse projeto inspirou o Imperador Pedro II a abrir a Escola da Glória onde, com o apoio oficial, seguia o modelo da escola do Dr. Miguel. Em sua luta pelo progresso, que era a grande bandeira, pregou o ensino para as mulheres, cujo futuro, até então, dependia de duas coisas: herdar ou casar. Com sua pena afiada, no jornal A República, muito contribuiu para as condições de emancipação da mulher brasileira. Dentro de sua linha civilista e libertária, defendeu a separação do Estado da Igreja e o casamento civil.
Não posso concluir esta homenagem sem falar de uma qualidade sua que, até hoje, não se reproduz facilmente entre os políticos e homens públicos: o de defensor de um modelo participativo de democracia. Para terem uma idéia, há cerca de 150 anos, ele defendeu a criação de um banco – o Banco Industrial. Mas a característica interessante é que os estatutos desse banco deveriam ser discutidos pela população, em diversas instâncias de participação e, só depois de aprovados os estatutos nesses moldes, o banco deveria funcionar. Já naquele tempo, Dr. Miguel pregava o seguinte: "Quem for progressista neste País arvore esta bandeira: empréstimos a juro módico e longo prazo sem o que não pode haver progresso”. Infelizmente, o banco "popular", como se diria hoje, não se tornou realidade, em função da insensibilidade palaciana de então.
Senhoras e Senhores Senadores, por tais fatos não poderia deixar de homenagear este ilustre brasileiro. Espero que a divulgação destas informações contribua para alimentar a memória histórica do Brasil.
Muito obrigado.
Senador Juvêncio da Fonseca
12 de Dezembro de 2000
Segundo o Almanak Laemmert de 1858, à Página 273, era Alferes Aluno do Exército; de 1862, à Página 273, era Segundo Tenente à disposição do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, na Ladeira do Livramento, no. 7, na Corte.
Deixou, pelo menos, as obras “Ensaio sobre a Filosofia Natural” – Monografia, e “O Cristo no Júri”.
Tradutor da obra “Do Futuro dos Povos Católicos” – Laveleye, Emile. Publicada em São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, em 1944.
Dr. Miguel é nome de Ruas e Praças em diversas cidades brasileiras. Pela sua biografia brilhante ainda hoje Miguel Vieira Ferreira é tema de diversas teses, algumas disponíveis na Internet.
Fé de Ofício
Certamente não foi um dos mais brilhantes oficiais que o Exército teve:
Data de Praça: 3 de Janeiro de 1855
Data de Reserva: 27 de Setembro de 1911
Vida Escolar:
Escola Central de 1855 a 1859
Vida Profissional:
1º Batalhão de Infantaria
Cursos:
Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas
Promoções:
1º Cadete em 27 de Janeiro de 1855
Alferes em 4 de Junho de 1854
1º Sargento em 14 de Janeiro de 1893
Subtenente em 3 de Novembro de 1894
1º Tenente em 27 de Agosto de 1905
Comissão:
Participou da Comissão Demarcatória dos Limites do Império com o Peru.
À disposição do Ministério dos Negócios Estrangeiros
Fé de Oficio Pasta-II-110 -SAP –AHEX
Almanaque de Oficiais- 1855- 1860 AS- AHEX
Requerimentos de Militares:
Letra M- Maço 211- Pasta- 5706 AS- AHEX
Pesquisa realizada por Alcemar Ferreira Junior,
Casado, em 13 de Janeiro de 1862, com sua prima Maria da Glória Gomes de Sousa, nascida em São Luis, em 18 de Dezembro de 1839 e falecida no Rio de Janeiro em 20 de Novembro de 1912, filha do Major Ignácio José Gomes de Sousa e de Dona Antonia Gertrudes de Brito Magalhães Cunha. (V. Meus 6º Avós, José Antonio Gomes de Sousa e Luiza Maria da Encarnação). Com Geração.
Ficha no Colégio Brasileiro de Genealogia
Filho de Ten. Coronel Fernando Luiz Ferreira e de ?
Com Maria da Glória Gomes de Souza
Nascida Rio 18/12/1838 Faleceu 20/11/1912
Filha do Major Inácio José Gomes de Souza
Filhos: Carlos, Regina e Cel. Joaquim Vieira Ferreira (n. 25/03/1875)
Pesquisa Ana Carolina Nunes
Dr. Miguel Vieira Ferreira manteve relação marital com Dona Elizabeth Burgun, depois chamada Isabel Vieira Ferreira, nascida em Bristol em Inglaterra no dia 29 de fevereiro de 1856, que veio ainda menina para o Brasil com seus pais Henry Burgum e Hannah Burgum, que aqui no Rio faleceram. Com Geração.
Escreveu sobre D.Isabel n’O TRABALHO, ano II , n.º 2 , de 11 de outubro de 1902, o então Pastor da Igreja Rev. Dr. Luiz Vieira Ferreira, o seguinte: Às 10 horas da noite de 15 de setembro p. passado deixou este mundo de misérias e dores e foi recolhida ao reino da glória a nossa irmã D.Isabel, que por suas assinaladas virtudes era considerada como tipo da Igreja Evangélica Brasileira e extremosamente amada por todos os seus membros como boa e respeitável mãe. Nascida em Bristol em Inglaterra no dia 29 de fevereiro de 1856, veio ainda menina para o Brasil com seus pais Henry Burgum e Hannah Burgum, que aqui no Rio faleceram. Aos 23 anos de idade, sendo membro professa da Igreja Presbiteriana, dela separou-se para constituir com o Doutor Miguel Vieira Ferreira e outros irmãos na fé, a Igreja Evangélica Brasileira, que se incorporou no dia 11 de setembro de 1879, sob o Pastorado desse inolvidável e saudoso doutor, de quem foi dedicada cooperadora em todos os mais penosos trabalhos de propaganda evangélica e da instrução escolar. O seu caráter dócil, o seu gênio paciente e meigo impunham a sua amizade a todos quantos dela se aproximaram, bem como a severidade dos seus costumes e dos seus hábitos simples e despretensiosos a tornavam digna da veneração e respeito que todos lhe tinham.
Todas essas qualidades, que ornavam naturalmente a sua pessoa, granjeavam-lhe um amor profundo na Congregação, que a tomou como um tipo das virtudes de uma fiel serva de Cristo, de uma filha de Deus, e desse modo a guarda no coração e na memória como um grande exemplo de misericórdia de Deus agraciando singularmente as suas criaturas com o espírito santificador que nos envia Jesus. No dia 24 de setembro de 1882 uniu-se ao Doutor Miguel como esposa, por um compromisso solene que tomaram diante de Deus e da Igreja, que nesse ato ouviu de cada um de seus membros o juramento de aceitar esse consórcio como isento de qualquer fundo criminoso, e antes como expressão de uma vontade soberana, conhecida e decretada nos juízos inescrutáveis de Deus. Desse consórcio nasceu a 4 de setembro de 1883 um menino que tomou o nome de Israel, hoje com 19 anos. Quando a 20 de setembro de 1895 o Doutor Miguel recolheu-se à Pátria Celestial, D.Isabel e seu filho incorporaram-se à família do Dr. Luiz Vieira Ferreira, onde sempre gozaram de sincero e fraternal amor. Foi desse lar abençoado que a saudosa irmã passou à mansão da felicidade perfeita, sem que a cruel e dolorosa enfermidade, que a vitimou, pudesse quebrantar-lhe a fé, nem diminuir a manifestação do seu amor por Jesus e sua Igreja, pois essa ditosa irmã podia dizer como o apóstolo Paulo aos Coríntios: “Sabemos que se a nossa casa terrestre desta morada for desfeita, temos de Deus um edifício, casa não feita por mãos humanas, que durará sempre nos Céus”. E para prova dessa alta preparação por Jesus efetuada na sua dileta serva, permitiu Deus que uma enfermidade penosíssima tornasse manifesta a paz de uma alma santificada, que no meio dos maiores sofrimentos se conserva firme na fé e se reputa feliz com Jesus.
Igreja Evangélica Brasileira
1.4 Ana Rita Vieira Ferreira. Membro da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro e São Paulo. Nascida em 11 de Dezembro de 1843. Batizada em 1 de Janeiro de 1843, em Pirangi, pelo Frei Antonio Manoel. Padrinhos: O concunhado de seu pai, José Pereira da Silva Borja Coqueiro e sua tia paterna, Dona Maria Amália Ferreira. Falecida em 7 de Novembro de 1915. “Minha filha Ana Rita foi para o Rio de Janeiro em 9 de Fevereiro de 1871, levando em sua companhia as filhas Luiza e Estephania, e sua escrava Fellipa, no vapor Arinos”. (Diário de Fernando Luis Ferreira) Dona Anna Rita transferiu-se da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro para a de São Paulo. Casada, em 8 de Fevereiro de 1862, com o Alferes do 5º Batalhão de Infantaria e depois Capitão Antonio Nogueira Pinto, nascido em 21 de Dezembro de 1831 e falecido em 5 de Maio de 1862, filho de Dona Anna Pinto. Com Geração. A Separação: Na biografia de Carlos Gomes de Sousa Shalders, seu genro, elaborada pela Escola Politécnica da USP encontramos o seguinte relato, comprovando a separação de Dona Ana Rita Vieira Ferreira e o Capitão Antonio Nogueira Pinto:
“Cedo contraiu matrimônio, um ano antes da formatura, pelo fato do pai de sua enamorada, Estephania Ferreira Pinto, Fanny entre os mais íntimos, tê-la abandonado. Assim, prematuramente ele viu-se na contingência de assumir o posto de chefe de família. Desse enlace, então, nasceram seis filhos”.
1.5 Joaquim Vieira Ferreira, que segue.
1.6 Maria Clara Vieira Ferreira. De apelido Maricota. Nascida em 26 de Setembro de 1844. Falecida em 21 de Agosto de 1936. Casada com o Tenente Braz Nogueira Pinto, nascido em 5 de Janeiro de 1844 e falecido em 23 de Novembro de 1899, irmão do seu cunhado Capitão Antonio Nogueira Pinto, filho de Dona Anna Nogueira Pinto. A Viagem para Santa Catarina: O Tenente Braz Nogueira Pinto viajou com a família para o sul porque o marido foi trabalhar com o cunhado Joaquim Vieira Ferreira na fundação das colônias de Azambuja e Urussanga: “Numa das canoas ia com a família, o tenente Braz Nogueira Pinto, com destino a um sítio na foz do rio do Pouso, à margem esquerda do Tubarão. Constava desse grupo, além do chefe, de sua senhora, Dona Maria Clara, irmã de meu Pai, de seus filhos Antonio e Catarina, e de uma parda da casa, a Luiza Amália, todos maranhenses”. (Azambuja e Urussanga, Página 23 - Desembargador Vieira Ferreira) Com Geração.
2. JOAQUIM VIEIRA FERREIRA. Tenente Coronel de Engenheiros. Fundador de Azambuja e Urussanga
Retrato por seu Filho
Tombaram as grandes árvores da floresta e se reduziram a cinzas nas coivaras de
Azambuja e Urussanga. Também numa necrópole, a cinzas reduzido, jaz o fundador desses núcleos agrícolas, no anonimato de um cipo de família que tem por eponimo o tenente-coronel
Fernando Luiz Ferreira. Mas, a sessenta anos de distancia, vejo ainda o verde suave das franças, nas comas luxuriantes por onde o sol coava a luz nos belos dias daquele tempo. Na botanica silvestre desse quadro primitivo, ergue-se inesquecível uma figura robusta e nobre, de carnação clara e sanguínea, olhos gazeos, cabelos pretos e barba rala, um pouco fulva, com a inteligência em atividade, como um gênio creador em função demiurgica, para fundar
Azambuja e Urussanga. Erguem-se outras. Outra, principalmente.
Azambuja e Urussanga
Desembargador Vieira Ferreira
Nascido em 9 de fevereiro de 1841, em São Luís do Maranhão. Falecido em 17 de Novembro de 1913, em Niterói.
Meu filho Joaquim. Nasceu a 2 de Fevereiro de 1841, presente minha sogra somente, às 2 horas da tarde, e logo depois forão presentes minha tia Dona Anna Gayoso, minha irmã D. Henriqueta, minhas cunhadas D. Anna, D. Rita e D. Edwiges. Baptisou-se na Igreja de N. Sra. Das Mercês, tendo mais de anno de idade, celebrante o Cônego Cândido Pereira de Lemos, e padrinhos o meu cunhado Joaquim Vieira da Silva e Sousa e minha irmã D. Henriqueta.
1º filho Fernando
2º filho Vicente
Diário de Fernando Luis Ferreira
Filho de Fernando Luis Ferreira e de Dona Luiza Rita Vieira da Silva e Sousa. Neto paterno de Miguel Ignácio Ferreira e Catharina de Senna Freire de Mendonça. Neto materno de Luiz Antonio Vieira da Silva e de Dona Maria Clara Gomes de Sousa.
Bisneto paterno de Alexandre Ferreira da Cruz e de Dona Mariana Clara de São José de Assumpção Parga. De Joaquim Isidoro Freire de Mendonça e Maria de Santa Ana e Oliveira. Bisneto materno de José Vieira da Silva e de Dona Ana Maria de Assunção. De José Antonio Gomes de Sousa e de Dona Luiza Maria da Encarnação. Terceiro neto paterno de Manoel Ferreira e Francisca Ferraz. De Manoel José de Assunção Parga e Antonia Maria Clara de Andrade. De Luiz Freire de Mendonça.Terceiro neto materno de Antonio Vieira e Josepha Maria da Silva. De Francisco Pires Monção e Bernarda Luísa. De Antonio Gomes de Sousa e Mariana das Neves. De José Luis Barbosa e Rosa Helena Garrido. Quarto neto paterno Luis Ferreira e Luzia Francisca. De Antonio Jorge e Anna Gomes. De José Zuzarte de Santa Maria e Maria Pereira de Carvalhaes. Quarto neto materno de Torcato Vieira e Jeronima Fernandes. De Jerônimo Mendes da Silva e Maria Francisca. De Antonio de Sousa e Joana Gomes. De Phillipe Marques da Silva e Rosa Maria do Espírito Santo. De Pedro Gonçalves Garrido e Maria da Silva. Quinto neto paterno de João Luis e Isabel Ferreira. De Manoel Álvares e Maria Francisca. De Antonio Jorge. De Manoel Pires. De Antonio Freire de Macedo e Josefa Maria de Oliveira. De Antonio Pereira de Carvalhaes e Filipa de Castro Rangel. Quinto neto materno de Antonio Vieira e Jeronima Francisca. De João Francisco de Almeida e Jeronima Fernandes. De Pascoal Mendes e Serafina da Silva. De Baltazar Francisco. De João Francisco da Silva e Mariana das Neves. De Antonio da Silva Carvalho e Ignácia da Silva Mello. Sexto neto paterno de Antonio Freire de Macedo e Antonia de Mendonça Furtado. De Gonçalo Martim Vieira e Apolônia de Oliveira. Sexto neto materno de Jerônimo Gonçalves e Jeronima Gonçalves. De Gervásio Francisco e Maria Francisca. De Domingos Fernandes e Damásia Gomes. De Antonio da Silva e Francisca Mendes. De Jerônimo Martins e Margarida. De João Gaspar das Neves. Sétimo neto paterno de Antonio Barroso e Leonor Nunes. De Bernardo Dias Pereira e Antonia de Mendonça Furtado. Sétimo neto materno de João Gonçalves e Inês Pires Gonçalves. De Gonçalo Jorge e Maria Jorge Martins. De Gonçalo Pires e Maria Francisca. De Belchior Fernandes e Filipa Gomes. Oitavo neto paterno de Ruy Barroso e Guiomar Gomes. De Luis Nunes e Francisca Roiz. Oitavo neto materno de Pedro Vicente do Souto. De Jorge Anes e Ana Jorge. De Jorge Anes e Catarina Anes. De Vasco Dias. De Sebastião Gonçalves. De... e Isabel Gomes. Nono neto paterno de... e Violante Barrosa. Nono neto materno de Gonçalo Álvares e Margarida Gonçalves. Décimo neto paterno de Ruy Barroso.
Formado pela Escola Militar da Praia Vermelha.
Foi aprovado, com distinção, em Astronomia e Matemática, tendo sido aluno do futuro Visconde do Rio Branco. Distinguiu-se também em esgrima, tendo sido uma vez escolhido para bater-se na presença de Sua Majestade, que visitava a Escola. Mas, sem vocação para a vida militar, deixou o Exército, Alferes aluno.
General Antonio Vieira Ferreira
Embora filho e irmão de Republicanos Históricos, Joaquim se manteve fiel aos seus ideais monárquicos, sendo por isso, preterido em sua carreira de Engenheiro, na República.
Uso as belíssimas palavras de seu filho, Fernando Luis, para termos uma idéia da educação que dava aos filhos:
Disse alguém que o latim, como exercício para dar vigor à inteligência, é superior à matemática. Acho difícil o julgamento. Que a matemática é superior à lógica já o afirmava Pascal, porque pratica o raciocínio com mais segurança na demonstração de seus teoremas do que o recurso às regras do silogismo: Terminus esto triplex...
Pude comparar o valor prático da lógica, disciplina que estudei na filosofia do padre Jaffre, da companhia de Jesus, com o da geometria que aprendi com meu caro Pai, o engenheiro Joaquim Vieira Ferreira. Tomava-me as lições passeando comigo, como Aristóteles com seus discípulos, peripateticamente.
Mas, considerado no que interessa mais à vida, quanto ao complexo de relações morais e intelectuais, que não cabem na estreiteza das fórmulas abstratas, parece-me o latim uma ginástica mais apta a fortalecer o espírito, oferecendo-lhe quadros em que a percepção tem por objeto, não compostos homogêneos, como os da matemática, mas panoramas de formação heterogênea que só a língua dos autores clássicos, com o poder artístico e didático que lhe é peculiar, desenha e colore. As próprias dificuldades que o latim apresenta robustecem a inteligência pelo esforço que exigem, não guardando as proposições a ordem direta dos têrmos e distanciando palavras ligadas gramaticalmente. Nem deixarei de louvar aqui, no terreno puramente literário, as belezas que abundam nos poetas e prosadores latinos, perpetuadas na admiração dos povos e prometidas como prêmio a quem vence com o estudo as dificuldades da língua. Não exemplificarei essa estética literária com admiráveis odes de Horácio na sua métrica tão variada, nem com artísticos períodos tomados à prosa de Tito Lívio, quando formam conjuntos verbais em que as orações incidentes se intercalam uma nas outras, sem se estorvarem, num total às vezes longo, mas sempre harmonioso no fundo e na forma. Tanto no poeta como no historiador a idéia vibra na sonoridade. Eficiente na língua latina é também a sua função ética. As próprias pequenas frases, adágios lapidares, sábios apoftégmas, alimentam moralmente a inteligência, estimulando-lhe a energia, com adequada acústica, para o bem, para o justo e para o belo.
Cachoeira e Porongaba
Fernando Luis Vieira Ferreira
É citado no verbete que trata de seu pai, Tenente Coronel de Engenheiros Fernando Luiz Ferreira:
Joaquim Vieira Ferreira. Nasceu na capital do Maranhão em 9 de fevereiro de 1841. Estudou nas mesmas escolas que o primeiro, e como êle é bacharel nas mesmas ciências. Sendo alferes-aluno da Escola Central pediu demissão e obteve-a; é hoje paisano. Como engenheiro por pouco tempo na Província, já sendo paisano, fêz a pedido de particulares um projeto e orçamento de uma igreja matriz para a vila do Coroatá; e por comissão do Govêrno da Província inspecionou a ponte do Mocambo no Brejo, que estava em seu primeiro período de construção; e levantou a planta e nivelamento do canal Arapapai, estando já suspenso o seu andamento. Consta êste trabalho, além da memória explicativa, de 19 estampas grandes e encadernadas, formando um volume o qual foi remetido pelo Presidente da Província ao Ministro da Agricultura. Deu um projeto de construção de açudes para provimento de águas a fim de servir de bebedouro nos campos de criar em tempo de sêca. Deu também um parecer sôbre a estrada, que atravessa o Campo das Pombinhas, mas não fêz estudos regulares.
Marques, César Augusto.
Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão.
Rio de Janeiro. Cia. Editora Fon-Fon e Seleta, 1970. Página 259,260 e 261
Segundo relato do General Antonio Vieira Ferreira, Joaquim teria lutado na Guerra do Paraguai, assim como seus irmãos, Miguel e Luis Vieira Ferreira. A versão foi confirmada pelo Coronel Vicente Affonso Vieira Ferreira, bisneto de Joaquim, que cita como prova a foto (acima) dos três irmãos com uniforme da campanha.
Não temos prova documental do fato, mas o nome do seu filho Vicente Polidoro é dado como confirmação, porque teria sido uma homenagem ao General Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão, depois Visconde Santa Teresa, seu companheiro na Guerra do Paraguai.
Devo acrescentar que no livro que seu filho, Fernando Luis, escreveu em sua homenagem contando seus feitos na fundação de Azambuja e Urussanga, ele cita o tio Luis Vieira Ferreira, irmão mais velho de seu pai, como herói do Paraguai, e o seu tio materno João Victo Vieira da Silva, que faleceu e foi sepultado em Santa Catarina, voltando do Paraguai... E nada diz sobre a participação de Joaquim... É fato relevante! Como o General Polidoro foi Diretor da Escola Militar do Rio de Janeiro, é possível que a amizade dos dois tenha surgido daí.
Joaquim Vieira Ferreira foi Engenheiro do Corpo Imperial da Estrada de Ferro Dom Pedro II, foi Chefe de Seção do Prolongamento Queluz, em Conselheiro Lafaiete. Engenheiro da Província, em Águas Virtuosas de Lambari. Como Chefe de Seção, tocou-lhe dirigir o serviço no trecho entre Porto Novo do Cunha e Volta Grande. A Estação da Estrada de Ferro Pedro II, em Porto Novo do Cunha foi inaugurada no dia 2 de Agosto de 1871, quando chegou o 1º trem da Corte. Engenheiro na construção da Estrada de Ferro Leopoldina, que começava sob a direção do seu cunhado, João Gomes do Val (V. Meus 4º Avós, Matheus Gomes do Val e Thereza de Jesus Maria Soares de Meirelles) em 1873. Terminada a obra da Leopoldina, Joaquim foi trabalhar na construção da pequena Estrada de Ferro do Comércio a Rio das Flores, na Freguesia de Santa Teresa de Valença. Nos anos de 1880, trabalhou na Estrada de Ferro de Pernambuco, com o cunhado João Gomes do Val.
Segundo correspondência de seu filho, Fernando Luis, em 1907, era 1º Engenheiro, Chefe de Seção da Estrada de Ferro Baía ao São Francisco, em Alagoinhas, na Bahia.
Natal, 7-5-07
Meu filho Fernando
Com muita satisfação fiquei inteirado do bem estar que gozas nesse Alto Purús, e de quanto refazes na tua carta de 17 de Abril; concorrendo ainda, para mais satisfazer-me, o teres me escripto n´aquella data, tão cara quando vivia a minha santa mãi, de saudosa memória. Essa carta tranquillizou-me sobre a tua saúde e sobre o modo porque te correm os negócios.
E Deus continue a abençoar-te com toda a tua família. Incluso recebi o cartão que endereçaste ao Dr. Berema (nome em dúvida), que infelizmente não produzirá effeito porque elle tem estado no Rio, e pediu prorrogação de licença. E lastimo tal ausencia porque elle é genro do irmão do Senador Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, que é o dono desta terra e que faria mudar o estado de contrariedade com que lucto: o engenheiro chefe trata-me muito mal e não perde ocasião de fazer-me alguma picardia, tornou-se meu antagonista desde a minha remoção para esta commissão por querer dar o meu logar a um engenheiro ajudante, de quem é muito amigo e se chama José Rodrigues Leite; e com essa intensão tem procurado desgostar-me, para que eu me retire deixando vago o logar para aquelle engenheiro. Creio que em qualquer dia elle solicitará a minha demissão se é que já não a pediu.
Por intermédio do Berema (nome em dúvida) tudo seria mudado, ou talvez me dessem uma remoção conveniente. O endereço do Berema é: = Rua da Passagem nº 44 = Botafogo – Rio.
Muito desejo que por intermédio delle obtenhas a intervenção do Dr. Pedro Velho perante o Engº Chefe Dr. José Luiz Baptista, ou perante o ministro para remover-me. Convém alludir aos muitos serviços que tenho e as minhas aptidões.
Quanto aos recursos materiaes que me promettes para o caso de eu ficar disponível, convém que providencies quanto antes, para prevenir qualquer eventualidade, pois receio ser dispensado por todo este mez, e só neste caso me utilizarei do teu socorro. Além do mal que receio, já o presente é insuportável: desde o dia 27 de Março que estou fóra da minha secção, a qual está sendo dirigida pelo 1º. Engenheiro, e eu encostado no Escriptório, como inepto, occupado com algumas (...) e orçamentos de obras projectadas pelo 1º. Engenheiro.
De sorte que, tendo sido por muitos annos
Joaquim Vieira Ferreira
Em 1939, seu filho, Fernando Luis Vieira Ferreira, escreveu o livro “Azambuja e Urussanga” – Memória sobre a fundação pelo Engenheiro Joaquim Vieira Ferreira, de uma Colônia de Imigrantes Italianos em Santa Catarina.
A Comissão chefiada por Joaquim tinha por incumbência discriminar e medir as terras do Tubarão e seus afluentes Capivari e Braço do Norte, mas, correndo ainda o segundo trimestre de 1877, foi-lhe determinada pelo Governo a localização de colonos italianos nas terras devolutas do Tubarão e do Urussanga.
O núcleo colonial de Urussanga foi fundado pelo Engº maranhense Joaquim Vieira Ferreira, em 26 de maio de 1878, dia de N. S. do Caravaggio, cuja devoção dos imigrantes e descendentes, é muito forte.
Desembargador Vieira Ferreira
“Azambuja e Urussanga”
Tão logo começou a construir a cidade de Urussanga, então colônia italiana de Azambuja, em 1878, Joaquim Vieira Ferreira plantou magnólias brancas na terra ainda a ser desbravada.
VIEIRA FERREIRA
Nobre filho das auras encantadas
Das plagas do longínquo Maranhão,
A terra inculta que mediste a palmo
Hoje te rende eterna gratidão.
Montanhas, rios, florestas, lindos vales,
Que ensinaste ao colono a desbravar
São os louros que adornam a tua fronte,
Laudes da terra que ensinaste a amar.
A flor que tu plantaste em Azambuja
Seu berço ornamentando co´um botão,
Agora desabrocha perfumada,
Magnólia branca, flor da imigração.
Erguendo junto à escola a capelinha
Civismo e fé legaste às gerações
Os sinos que doaste ao campanário
Renovam tua voz nos corações.
Vivendo a paz, o amor e liberdade
Sempre sereno como a mansa brisa
Mostraste ao peregrino em nova Pátria
Que só é escravo aquele que escraviza.
Monsenhor Agenor Neves Marques
Edição Comemorativa do Centenário de Urussanga
Por decreto de 8 de Novembro de 1977, o Prefeito Municipal Ruberval Francisco Pilotto, sancionou a Lei 627 que considera Magnólia branca a flor oficial de Urussanga.
Magnólia Branca
Brinde a Vieira Ferreira
Música do P. Júnior Motinelli
Magnólia branca, flor sagrada e bela,
Que ofertas às manhãs o teu perfume
As outras flores sofrem de ciúme,
Porque és, além de flor, uma canção...
Em 1978, a cidade de Urussanga comemorou o seu centenário com uma homenagem ao seu fundador, com ampla programação e a inauguração de um Monumento.
Histórico de Urussanga
Urussanga foi o principal núcleo da então colônia italiana de Azambuja, fundada em 26 de maio de 1878, por Joaquim Vieira Ferreira e colonizada por imigrantes italianos, provenientes do norte da Itália. Estes eram, na grande maioria, Vênetos, os quais, juntamente com outros da Lombardia, Friuli, Venezia Giulia e Trentino Alto Adige, formaram o maior centro de imigrantes italianos no sul de Santa Catarina. A emancipação da colônia se deu em 31 de dezembro de 1881, elevada a município, em 6 de outubro de 1900. A instalação do município se deu em 22 de janeiro de 1901 e a instalação da Comarca em 20 de dezembro de 1925.
A cidade de Urussanga situa-se na confluência dos seus primeiros rios que são: Rio Carvão, Rio Maior, Rio dos Americanos, Rio Salto e Rio Caeté. O maior deles, o Rio Urussanga, tem origem a partir da confluência dos rios Maior e Carvão e, em seguida, recebe a afluência dos demais rios já citados acima. O município nasceu economicamente com a atividade da agricultura, pecuária, extração de madeira e produção de vinhos.
Em seguida teve a sua economia fortalecida com a exploração do carvão mineral e o surgimento de indústria no setor cerâmico, moveleiro, metal-mecânico, derivados plásticos, equipamentos agroindustriais, bem como a fruticultura, comércio, turismo e outros. É digna de destaque, a produção de bons vinhos durante já há algumas décadas, o que tem tornado Urussanga muito conhecida na região e no país, além de ter-lhe outorgado o título da Capital do Bom Vinho.
Matéria do Jornal Anexo, de Santa Catarina,
Edição de 24 de Maio de 2003
Seus descendentes foram convidados: os netos Maria Beatriz Nascimento Silva e Afonso Vieira Ferreira, a bisneta Antonieta Morpurgo, e o 3º neto Ricardo Vieira Ferreira receberam as homenagens que a cidade prestava ao seu fundador.
Em 1988, o Jornal Panorama organizou uma nova Homenagem ao Fundador de Urussanga e aos 10 anos de inauguração do seu monumento.
Joaquim Vieira Ferreira é nome de rua, em Urussanga.
A data foi marcada pela edição do livro de Monsenhor Agenor Neves Marques, “Magnólia Branca”, que rende comoventes homenagens ao fundador de Urussanga.
Carta de Joaquim ao seu Pai
Sabará, 27 de Janeiro de 1870.
Meus bons Pais,
Dem mais um exemplo de grandeza d’alma e não sucumbão ao revez porque ora passão. Não sei para o que presto, mas não se esqueção do seu 3º filho.
Escrevi ao meu sogro para me emprestar dinheiro para comprar o Tiburcio, se chegar tarde, poderá ser comprado em outra mão; e para o futuro comprarei Leonor; e se Vm.ces quizerem também comprarei os outros escravos que lhes pertencerem, os deixarei em seu poder para servil-os.
Si Vm.ces vierem para o Rio, eu lhes ajudarei a viver, por quanto não devo a ninguém e meu ordenado dá para o meu pão e o de Vm.ces. Reanimem o Miguel, e lhe digão que o Joaquim é bom filho, bom irmão e é trabalhador. Soprou-me há alguns mezes o vento da fortuna, eu o tenho aproveitado e hei de transformal-o em aura que os circunde de boa temperatura.
Tenho-me conservado callado até hoje porque nada tenho podido fazer em beneficio da família; mas hoje já não devo a ninguém e ganho alguma cousa; sou moço, robusto, gozo uma saúde de ferro e sou activo como satanaz; por que esmorecer a minha família? Minha mulher é filha de um homem rico, mas está acostumada ás privações, e tem nobreza de caracter bastante para saber que o homem sábio e generoso deixa aos filhos mais do que o rico avarento. Entreguem tudo aos credores, e fação ver a Miguel que elle é um homem illustre, que Luiz é intelligente e activo, e que Joaquim é robusto corajoso.
Na comissão em que estou (do Rio das Velhas) já 3 vezes vi a morte descarnada diante de mim, e não tive um camarada que me vencesse em bravura; como pois temer a dívida de Miguel para com Vm.ces, como temer compartilhar a sorte de meus Paes e meu irmão a quem mais devo, se me sinto [página 038] com vida coragem.
Nada de esmorecer, venha á scena o Joaquim!
Si eu tiver credito perante o Manoel Nina ou qualq.r pessoa em Maranhão, fação com elle a despeza necessária e lancem sobre mim o que for preciso, fiquem certos que não desmereço a meus irmãos nem a meus Paes.
Com esta vai uma carta que fiz ao Manoel Nina, e para o que elle estiver disposto Vm.ces acceitem.
Adeos meus Paes, abracem a um filho m.to amigo
Joaquim
PS: Se Miguel já não existir, não desanimem ainda, eu garanto a sua decrepitude, a educação dos filhos delle e a subsistência de minha Mana. Se elle ainda viver, digão-lhe que o Joaquim paga as dividas delle. É questão de tempo.
Escrevão-me para Ouro Preto.
V. Meus 4º Avós, Obras,
Diário de Fernando Luis Ferreira
Carta de Joaquim Vieira Ferreira, 1870, p. 133.
Como jornalista, foi Redator do Jornal O Artista, fundado por seu pai, ao lado dos seus irmãos Miguel e Luiz.
Em 2 de Janeiro de 1914 foi homenageado na Sessão do Tribunal de Justiça do Acre:
Acta da Septuagésima Primeira Sessão Ordinária do Tribunal de Apellação de Cruzeiro do Sul:
Aos dois dias do mez de janeiro do anno de mil novecentos e quatorze, às onze horas da manhã, na sala das Sessões e Conferencias do Tribunal de Appellação de Cruzeiro do Sul, no Território do Acre, presentes os Excellentíssimos Senhores Dezembargadores Elysiario Fernandes da Silva Távora, Presidente, Fernando Luis Vieira Ferreira e Domingos Américo de Carvalho, e também o Excelentíssimo Senhor Procurador Geral Carlos Gomes Rebello Horta, commigo Secretário abaixo nomeado e assignado, pelo Excelentíssimo Senhor Dezembargador Presidente foi declarada aberta a sessão. Lida a acta da sessão anterior, foi approvada.
Antes da ordem, pediu a palavra o Desembargador Américo, e em palavras repassadas de sentimento, disse que a alma de um dos membros do Tribunal e dos mais dignos, o Excelentíssimo Senhor Dezembargador Vieira Ferreira, achava-se envolto em pezado lucto pelo trespasse do seu illustre progenitor, o Engenheiro Joaquim Vieira Ferreira, distincto entre os mais distinctos de sua classe. Accrescentou que, além disto, tratava-se de cidadão de predicados raros e relevantes serviços ao Paíz na carreira que abraçou e illustrou. Concluiu pedindo que por esse duplo motivo se lançasse em acta um voto de pezar por tão infausto acontecimento, como sentimentação ao collega assim golpeado.
Secundou-lhe a palavra o Excellentíssimo Senhor Dezembargador Presidente, que disse não ser estylo do Tribunal lançar votos de pezar por fallecimento de pessoas que lhe são extranhas, senão em caso de merecimento excepcional, mas attendendo ao grande valor moral e profissional do fallecido, e a sua qualidade de pae do seu distintíssimo collega, o Dezembargador Vieira Ferreira, sentia-se bem prestando apoio pleno à moção do Dezembargador Américo.
Approvada a proposta, pediu a palavra o Excellentíssimo Senhor Dezembargador Vieira Ferreira, que em palavras tremulas de magua agradeceu aos collegas o balsamo da solidariedade que lhe levava, solidariedade que lhe allentava porque, filho embora, não tinha perdido o direito de notar e destacar, mirando-se nellas, as qualidades de caracter de seu digno pae, que, podendo ter colhido da Republica as prodigalidades que teve para muitos, viveu, durante o actual regimem, obscurecido no seu trabalho modesto de Engenheiro, fiel que foi às suas idéas monarchicas.
Passando-se à ordem do dia, foram postos em meza os autos de habeas corpus numero vinte e cinco, recorrente o Juiz de Direito da Comarca de Tarauacá e recorrido Francisco Martins Vianna. Feito o relatório, foi confirmado o despacho recorrido. Em meza ainda para julgamento os autos de aggravo de petição, numero trinta e oito, aggravante Joaquim Manoel do Nascimento e Silva, e aggravado o Juiz de Direito da Comarca de Cruzeiro do Sul, foi sorteado relator o Dezembargador Américo. Feito o relatório e aberta discussão entre os Dezembargadores, negou-se provimento ao recurso, confirmando-se o despacho do Juiz a quo.
Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a sessão. E para constar lavrei esta acta, que vai assignada por todos e por mim, Antonio José de Araújo, Secretário, que a escrevi. (Assignados) E. Távora. Vieira Ferreira. Américo. Rebello Horta
Casado, em 5 de Setembro de 1867, com a Pianista Dona ELISA AUGUSTA GOMES DO VAL.
Certidão de Casamento
F 86 (273) 05/09/1867, Bacharel Joaquim Vieira Ferreira, nascido e batizado da freguesia da Sé, do Bispado do Maranhão, filho do Tenente Coronel Fernando Luiz Ferreira e Luiza Rita Vieira da Silva Ferreira com Elisa Augusta do Val, nascida e batizada nesta freguesia de N. Senhora da Conceição de Paty do Alferes, deste bispado, filha de Matheus Gomes do Val e Thereza de Jesus Maria do Val. Testemunhas: João Gomes do Val e Manoel Hilário Pires Ferrão.
Pesquisa de Sílvia Novaes
Retrato por seu Filho
O baile prolongou-se pela noite muito animado e ainda me lembro da toada de suas quadrilhas. A brasileira era executada por um gaiteiro serrano e ecoou no Pleyel tocado em nossa casa, num logar onde, havia dois anos, pelos galhos das árvores modulavam seus gorgeios saltitantes passarinhos. Mas minha Mãe enxertou nessa quadrilha, como parte, a música de uma cantiga italiana, cuja letra principiava por Io aveva un bel gattino. Ficou a carater.
O piano chegou à colônia no carro de bois, acondicionado num envoltorio de zinco dentro do caixão de pinho, sem um arranhão. Nos seus castiçais, à noite, ardiam velas, não me lembro se de cera colorida como as das palmatórias nos consolos, quando ouvíamos as músicas prediletas, que minha Mãe executava em notas límpidas.
Era aprazível a tranquilidade nesse conchego da família, com um pouco de luz na escuridão da noite e um pouco de música no silêncio da selva.
No dia seguinte, quando o sol começava a doirar com seus raios o verdor sombrio das frondes, a passarada, sempre em trajes domingueiros, saudava a nova luz, trinando na mata circunstante as mesmas frases musicais da vespera, soadas no desconcerto de uma orquestra sem regente que, dispersa, aguardasse com flauteios de ensaio o momento da sinfonia.
“Azambuja e Urussanga”
Desembargador Vieira Ferreira
Nascida em 29 de Julho de 1846, na Fazenda Casal, em Valença. Falecida em 19 de Julho de 1916, no Rio de Janeiro.
Elisa Augusta - Casou-se com o engenheiro Joaquim Vieira Ferreira.
Nasceu em Casal no mesmo dia que a princesa imperial D. Izabel, 29 de Julho de 1846, e faleceu no Rio de Janeiro a 19 de Julho de 1916. Não sei explicar porque sonho tanto com meu caro Pai e tão poucas vezes com Ela, de quem não tenho menos saudades.
“Azambuja e Urussanga”
Desembargador Vieira Ferreira
Lúcio e Paulo eram carreiros e Nabor, pagem diligente, é quem fazia diariamente viagem à estação do Comércio, para levar e trazer a correspondência. Recebiam-se na Cachoeira, quase todos os jornais da Côrte (menos os pasquins, que não faltavam) e as revistas mais interessantes. Estêvão e Tertuliano conduziam a liteira puxando um dêles o burro que ia nos varais da frente e tocando o outro o que sustinha os varais trazeiros. Ainda me lembro das viagens que minha Mãe fazia nessa liteira entre as casas do povoado fronteiro à estação do Comércio, hoje Sebastião Lacerda, e a Cachoeira.
Cachoeira e Porongaba
Fernando Luis Vieira Ferreira
Filha de Matheus Gomes do Val e Theresa de Jesus Maria Soares de Meirelles. Neta paterna de José Gomes da Silva e de Dona Mariana Ribeiro do Val. Neta materna de João Baptista Soares de Meirelles e de Dona Joanna Leonísia de França Lira.
Bisneta paterna de Pedro Gomes Ribeiro e Catarina do Val. Bisneta materna do Dr. Luis Soares de Meirelles e Anna Maria Caldeira. De Francisco de Pinho e Silva e de Dona Bernarda Leonísia de França Lira. Terceira neta materna de Luis Soares de Meirelles. De Antonio Machado da Costa e Maria Pereira Maciel.
Era afilhada de José Pereira de Almeida, filho do Barão de Ubá.
Aprendeu piano com Aníbal Napoleão, irmão do famoso Maestro Arthur Napoleão. O Professor Aníbal ia para a Fazenda Cachoeiras e lá permanecia por alguns meses, luxo permitido pela imensa fortuna de seu pai, o fazendeiro Matheus Gomes do Val. Dona Elisa era pianista e boa desenhista como prova desenho encontrado no Diário do seu sogro.
Offerecido ao Dr. Joaquim Vieira Ferreira por sua Snra.
D. Elisa Augusta do Val Ferreira a 27 de Julho de 1875,
por ocasião de seu aniversário natalino (della).
Anotações de Fernando Luiz Ferreira em seu Diário.
Foram Pais de
2.1 Fernando Luis Vieira Ferreira, que segue.
2.2 Vicente Polidoro Vieira Ferreira. Médico. Nascido em 14 de Março de 1870. Falecido em 8 de Agosto de 1911. Nome em homenagem ao General Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão, Visconde de Santa Teresa, companheiro de seu pai na Guerra do Paraguai (Coronel Vicente Vieira Ferreira). Casado, em 17 de Dezembro de 1898, com Dona Elvira Mello. Com Geração.
2.3 Pedro Gomes Vieira Ferreira. Nascido em 27 de Maio de 1875. Falecido em 20 de Julho de 1915. Informação contraditória: Segundo o General Antonio Vieira Ferreira, autor da Árvore da Família Vieira Ferreira, Pedro Gomes Vieira Ferreira seria neto de Vicente Polidoro Vieira Ferreira, e teria se casado com suas primas, ambas irmãs de seu avô:
Nascido em 27/05/1875, faleceu em 20/07/1915. Casou-se em 1ª Núpcias com Luíza de Azambuja Vieira Ferreira (“Luziquinha”). Viúvo, casou-se com Suzana Vieira Ferreira.
É de causar surpresa a informação porque, em 1º lugar, tenho Pedro Gomes Vieira Ferreira, nascido em 1875, o que não permite dúvidas de ser filho do Engenheiro Joaquim Vieira Ferreira e de Dona Elisa Augusta do Val. Para ser neto de Vicente Polidoro Vieira Ferreira teria que ter nascido por volta de 1930!
Em 2º lugar, pelas informações que disponho, Luziquinha teria sobrevivido à irmã Susana e faleceu solteira, sem geração, como segue.
2.4 Luiza de Azambuja Vieira Ferreira. Professora no Rio de Janeiro. De apelido Luziquinha. Nascida em 3 de Setembro de 1878. Era viva em 1917. Faleceu solteira, sem geração.
Era uma irmã muito querida de meu bisavô, que declarou em seu livro “Azambuja e Urussanga” o orgulho de ser seu irmão.
Em carta para seu marido, minha bisavó Honorina comenta:
9 de Junho de 1907
Luziquinha já tem alguns discípulos, entretanto ainda continua a receber os 20$000 a mais.
Segundo depoimento de seu sobrinho, Coronel Vicente Affonso Vieira Ferreira, pouco antes de morrer:
Dedicou sua vida aos oito sobrinhos, educando-os e custeando as
despesas com o seu salário de Diretora de escola.
2.5 Susana Vieira Ferreira. Nascida em 26 de Dezembro de 1882. Falecida em 28 de Outubro de 1917.
Dr. Fernando Vieira Ferreira
Rio, 28 de Outubro de 1917.
Suzana fallecida hoje seis horas manha.
Luziquinha
2.6 Joaquim Vieira Ferreira Filho. Nascido em 10 de Maio de 1887. Falecido em 15 de Fevereiro de 1962, de septicemia. Tinha o apelido na família, origem e motivos ignorados de “Joaquim Sabre Atrás” (Coronel Fernando Luiz Vieira Ferreira). Casado, em 1 de Março de 1913, com Dona Marieta Affonso. Com Geração.
2.7 Godofredo Vieira Ferreira. Faleceu, aos 2 anos de idade, de coqueluche, em Urussanga, por volta de 1890.
3. FERNANDO LUIS VIEIRA FERREIRA casado com HONORINA PEREIRA NUNES DE MIRANDA, Patriarcas da 3ª Geração da Família Vieira Ferreira.